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Gerenciamento Remoto já é realidade na Estação de Apoio ao Controle do Espaço Aéreo de Jundiá (RR)

Com a nova perspectiva de monitoramento será possível receber uma informação do sistema e, dependendo da viabilidade técnica, realizar a manutenção remotamente.


publicado: 19/05/2021 21:23

 




Na semana de 10 a 14 de maio, uma equipe do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e do Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro (PAME-RJ) esteve no Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV), em Manaus, para uma reunião técnica sobre o início de operação do gerenciamento de manutenção remota.

O encontro aconteceu no Centro Regional de Monitoração (CRM) e foi conduzido pelo chefe da Divisão de Coordenação e Delineamento Técnicos, Coronel Aviador Maurício Maia Ramos Neto, coordenador do projeto no Subdepartamento Técnico (SDTE) do DECEA.

Inicialmente, foi comunicada a modificação do projeto de aplicação da Prova de Conceito – Proof of Concept (PoC), modelo que trouxe uma nova concepção para a manutenção de equipamentos no Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). “O objetivo é analisar a viabilidade de manutenção remota em duas localidades com características específicas: a Estação de Apoio ao Controle do Espaço Aéreo de Jundiá (EACEA-JD) e o Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Boa Vista (DTCEA-BV), com protocolos e novos procedimentos”, explicou o Coronel Maurício.

Foram instaladas câmeras para monitoramento de equipamentos nos dois sítios. O circuito fechado de TV (CFTV) utiliza câmeras conectadas a um sistema central para disponibilização de imagens via web. Foi realizada, ainda, a contratação do serviço de banda larga via satélite em banda Ka, específico para o tráfego de dados e o acesso à internet em alta velocidade, fornecido pela Telebras.

A ideia é que a plataforma desenvolvida pela equipe técnica do CINDACTA IV, coordenada pelo Suboficial Marcos Henrique Zambon, permita a concentração dos supervisórios – ferramentas de supervisão, controle e aquisição de dados – e as interfaces dos sistemas. Os parâmetros estarão disponíveis para visualização a partir da sala técnica do CINDACTA IV.

Baseado no Projeto de Telemetria e Gerenciamento Remoto dos DTCEA/EACEA subordinados ao CINDACTA IV, será possível realizar acessos à infraestrutura de telecomunicações para obtenção de informações dos equipamentos com parâmetros previamente estabelecidos, realizando a gerência remota para corrigir eventuais discrepâncias.

O modelo atual está baseado em manutenções preventivas periódicas, nas quais o técnico dos regionais precisa estar presente no sítio. Com a nova perspectiva de monitoramento será possível receber uma informação do sistema e, dependendo da viabilidade técnica, realizar a manutenção remotamente.

Se não for exequível, o regional fará contato com o técnico da localidade para que seja feito o reparo. Uma vez que o óbice não seja resolvido, o próximo passo será o deslocamento de um técnico do regional, porém, com informação precisa de quais componentes precisam ser repostos ou reparados, mas haverá dados prévios para otimização do tempo do técnico.

A próxima instância da manutenção contará com a assistência do PAME-RJ. Passadas todas estas etapas, é feito um contato com o fabricante do equipamento para manutenção ou substituição.

Operação assistida - Oficialmente, no dia 12 de maio, quarta-feira, entrou em funcionamento o gerenciamento da manutenção remota no sítio de Jundiá. O vilarejo está localizado no município de Rorainópolis, em Roraima, distante aproximadamente 350 quilômetros de Manaus.

O deslocamento é feito via terrestre e a duração média é de seis horas de viagem pela BR 174, que separa os estados do Amazonas e de Roraima. Por se tratar de um povoado, são limitadas as possibilidades de permanência no local. Na maior parte das vezes, o técnico faz o trajeto de ida e volta no mesmo dia. Pode-se dizer que são 12 horas de viagem mais o período necessário para o conserto ou reparo do equipamento.

A EACEA de Jundiá tem uma importância fundamental para o controle de tráfego aéreo entre Manaus e Boa Vista. A região, localizada entre as duas cidades, fornece comunicação rádio em uma área onde havia lapso no contato entre pilotos e controladores, ou seja, o CINDACTA IV mantém o diálogo com as aeronaves durante todo o voo. As cartas de navegação aérea estão plotadas para alternar a frequência.

Os testes foram conduzidos pelo Suboficial Zambon, auxiliado pelo Terceiro Sargento Pablo dos Santos Rocha Filho. No entanto, já havia uma equipe de manutenção no sítio desde o dia 8 de maio, fazendo os ajustes necessários ao pleno funcionamento dos equipamentos, composta por quatro militares: Suboficial Josenildo Rodrigues do Carmo, Suboficial Flavio da Silva Braga, Primeiro Sargento Cláudio Soares Gomes e Soldado Matheus Duarte Lima.

O diferencial do sistema criado pelo Suboficial Zambon - que é tecnólogo em Gestão de Redes de Computadores e especialista em Teleinformática e Redes de Computadores, formado pelo Centro Universitário Luterano de Manaus (ULBRA) - foi o redimensionamento das Redes de Trânsito e a segmentação da Rede de Área Local – Local Area Network (LAN) em VLAN.

O objetivo é evitar que aconteçam interferências entre os sistemas existentes nas localidades. Foi elaborada uma infraestrutura para realização dos acessos remotos via web, baseada na plataforma Open Source.

O projeto está integrado aos programas de segurança da informação e de segmentação das redes administrativas e operacionais, conforme preconizado pelo DECEA.

“A segmentação da Local Area Network (LAN) em Virtual Area Network (VLAN) proporcionou um melhor gerenciamento técnico do endereçamento lógico, bem como, facilitou a perícia em segurança. O desenvolvimento da infraestrutura baseado em software livre aumenta a flexibilidade, eleva a segurança e facilita o rastreamento dos problemas. O sítio de Jundiá foi escolhido por ser estratégico: primeiramente, porque expande a cobertura VHF para o tráfego aéreo entre Manaus e Boa Vista, ou seja, as ações têm impacto operacional, e também porque tem acesso terrestre”, explicou o Suboficial Zambon.

Especificamente nesta EACEA, a energia recebida da concessionária tem a sua qualidade controlada. A tensão elétrica é monitorada por uma unidade supervisória, já que sem energia não há comunicação. Existem vários sistemas de redundância que podem ser acionados remotamente em caso de panes, como as baterias e o grupo gerador, que proveem energia para que não haja uma pane e o sistema VHF deixe de funcionar. Com o gerenciamento remoto será possível acionar as câmeras, o ar-condicionado, os auxílios à navegação e o grupo gerador de energia, para citar alguns benefícios.

Fundamentação - O empreendimento inicialmente baseou-se na Diretriz do Comando da Aeronáutica (DCA 66-3) - Governança para Manutenção no Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro - publicada em 2017, que apresenta um modelo para a gestão da manutenção no SISCEAB, que permitirá, prioritariamente, adoção de medidas preditivas sobre os diversos equipamentos e sistemas, e não apenas manutenções preventivas e corretivas.

Em 2019, foi feita uma atualização da Diretriz, com a aprovação do Plano do Comando da Aeronáutica (PCA) 66-1, com a reedição do “Plano de Implementação da Prova de Conceito para Validação do Novo Modelo Logístico de Manutenção Proposto na DCA 66-3”. Neste novo padrão foi incluído o acompanhamento do estado operacional e técnico dos equipamentos por monitoramento de parâmetros e uso de recursos de intervenção remota.

Esta visualização poderá ser vista a partir de Manaus ou de qualquer outra localidade, em que o usuário esteja conectado ao sistema de manutenção. A expertise e o mapeamento de custos nestas duas localidades, Jundiá e Boa Vista, servirão de base para a expansão do projeto em outros sítios subordinados ao CINDACTA IV.

Ao todo, estão relacionados para manutenção 9.479 equipamentos no SISCEAB, que incluem auxílios à navegação, estações meteorológicas, radares, dispositivos de telecomunicações e de enlaces de dados. É feito um cronograma anual para o acompanhamento e manutenção destes ativos, no entanto, parte deste calendário fica restrito à manutenção corretiva e, não, preventiva.

O que se pretende é melhorar o nível de manutenção com a evolução dos critérios estabelecidos, considerando as dificuldades logísticas e a redução de custos. A partir da funcionalidade nos locais de teste, o processo será aperfeiçoado e poderá haver a modificação e/ou inserção de novos parâmetros.

Região Amazônica - O CINDACTA IV está localizado na Região Norte do País e foi selecionado por possuir Destacamentos e Estações de Apoio subordinados, ao todo, são 24 DTCEAs e 17 EACEAs.

Responsável pela cobertura de cerca de 60% do território nacional, o que equivale a uma área de 5,2 milhões de km², o CINDACTA IV inclui os estados do Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Amapá, Acre, Mato Grosso, Tocantins e parte do Maranhão.

Outro fator preponderante são as características geográficas da Região Amazônica, que possui áreas de difícil acesso, distantes da sede, em Manaus, que demandam maior atenção na otimização dos processos de manutenção.

Para o comandante do CINDACTA IV, a manutenção remota é de extrema importância quando considerada a extensão da aérea de responsabilidade no espaço aéreo brasileiro. “Para chegar aos Destacamentos espalhados pela Região Amazônica existem dificuldades de acesso e logística. São aproximadamente 1.800 equipamentos essenciais ao tráfego aéreo. O monitoramento vai nos permitir pronta resposta e uma reação mais rápida para corrigir eventuais falhas, considerando a redução de custos de deslocamentos para manutenção”, explicou o Coronel Aviador Alexander Santopietro de Souza.

 

Assessoria de Comunicação Social do DECEA

Reportagem: Gisele Bastos (MTB 3833 PR)

Fotos: Suboficial R1 José Pereira