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Tem início a formação da primeira turma de validação do CPDLC Continental
O dia 28 de janeiro de 2019 marcou a história do Controle de Tráfego Aéreo com a aula inaugural da primeira turma do Curso ATM 042 – Comunicação Data Link entre Controlador e Piloto (CPDLC) – de validação e capacitação na ferramenta CPDLC Continental - comunicações por enlace de dados entre controladores e pilotos no espaço aéreo continental brasileiro.
O curso de duas semanas (sendo a primeira teórica e a segunda, prática), que está previsto como parte do Empreendimento “Infraestrutura e Aplicações de Comunicações Ar-Terra e Terra-Terra” do Programa SIRIUS Brasil, está sendo realizado no Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), em São José dos Campos.
Este Empreendimento objetiva melhorar a eficiência do sistema de comunicações Ar-Terra com emprego de enlace de dados entre os sistemas de terra e os sistemas de bordo, para um melhor gerenciamento do tráfego aéreo, menor incidência de falhas de entendimento nas comunicações entre controladores e pilotos e o consequente aumento da segurança operacional.
A primeira turma é composta de 16 alunos, sendo dez do Centro de Controle de Área de Recife (ACC-RE) e seis do Centro Amazônico (ACC-AZ), que receberão treinamento de seis instrutores vindos do Controle de Área Atlântico (ACC-AO), do Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III).
Dentre os objetivos gerais do Curso ATM 042 estão a descrição dos recursos de automação e operação Data Link aplicados ao Controle de Tráfego Aéreo; aplicar os procedimentos de uso da CPDLC em espaço aéreo onde os serviços por Data Link estão disponíveis; e operar o simulador nos procedimentos de troca de mensagens CPDLC nos serviços de tráfego aéreo.
Para o Coordenador e Instrutor Pleno do Curso, Suboficial R1 Carlos José de Farias Jr, o início da formação com a primeira turma “é um sonho nosso para o CPDLC que se torna real com a capacitação gradual de todos os controladores – inicialmente com os dos Centros Recife e Amazônico”.
“Todo este estudo do CPDLC”, prossegue Farias, “vem de 2014 para cá. Nosso primeiro trabalho foi construir o simulador. O passo seguinte foi a capacitação dos controladores do ACC-AO. Em uma outra fase, nos dedicamos a trabalhar em todo o material do curso de formação no CPDLC Continental, tendo um grande ensaio em outubro do ano passado. E agora, sim, a concretização do Curso ATM 042 com esta primeira turma. Serão onze turmas em 2019 e mais seis em 2020”.
De acordo com o Capitão CTA Cristian da Silveira Smidt, do Subdepartamento de Operações (SDOP) do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), “o início do curso tem um valor histórico não somente por ser a primeira turma, mas por ser um marco para a implementação do uso da CPDLC em espaço aéreo continental”.
A relevância desta capacitação já é atestada antes mesmo do curso efetivamente ter início. O 2º Sargento CTA Alexandre Melo dos Santos, do ACC-RE, está bem motivado, até porque já tem contato com a ferramenta por prestar serviço próximo ao ACC Atlântico, onde o CPDLC está operacional.
“Para fins práticos o ACC-RE divide espaço com o ACC-AO e, assim, podemos ver os controladores usando a ferramenta e compreendemos a importância de trazer estas vantagens para o continente. Com este curso vamos aumentar nossa capacidade de controle de tráfego aéreo”, comenta o 2S Alexandre.
Para o 2º Sargento CTA José Francisco da Silva Souza, do ACC-AZ, estar na primeira turma de formação é motivo de honra e alegria. “Estar aqui é um grande passo. Tenho dez anos de experiência em Controle de Tráfego Aéreo e um dos óbices que enfrentamos é a questão da comunicação, no que diz respeito às pronúncias, aos sotaques dos diferentes países com os quais nos comunicamos. Creio que a CPDLC veio justamente para minimizar estes entraves. A autorização escrita é uma só para todos. Sua leitura é uma só. Não há espaço para ruídos. É um grande avanço. Assim como eu, creio que todos estejam muito motivados com este avanço tecnológico".
Em seu brifim, o Suboficial Darlan Sobreira Guedes, do ACC-AO, que compõe o grupo de inspetores, fez uma breve linha histórica da evolução das ferramentas de controle de tráfego aéreo até chegar à CPDLC.
Ele destacou ainda que a ferramenta é integrada ao Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatório de Interesse Operacional (SAGITARIO) e que seu uso não exclui o uso da fonia.
“As operações VHF continuam normalmente, vocês controladores é que vão saber qual ferramenta de comunicação escolher em cada situação. Aqui os senhores e as senhoras aprenderão a usar a ferramenta. Vão aprender como dominar suas funcionalidades. Como aplicarão a CPDLC às especificidades da sua região será um passo a seguir”, explicou o SO Guedes.
Ao longo das aulas teóricas serão tratados temas como Sistemas Data Link, gerenciamento de conexões Data Link e conceituação de CPDLC e sobre como tramitar (enviar e receber) as mensagens.
As aulas práticas, que serão realizadas na Seção de Simulação de Vigilância ATS, conhecido como LabSim, permitirão que os alunos vejam o modus operandi de tudo que aprenderam em teoria, praticando as trocas de mensagens entre piloto e controlador.
Ao final destas duas semanas, os alunos estarão aptos tanto para operar a ferramenta, quanto para instruir outros controladores em suas unidades.
Assessoria de Comunicação Social do DECEA Texto: Telma Penteado – jornalista Fotos: Fábio Maciel