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Secretaria da Aviação Civil faz balanço da movimentação aérea nos jogos Rio 2016

O trinômio sucesso, superação e legado definem com propriedade os resultados alcançados com o fim dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, realizados no Rio de Janeiro, nos meses de agosto e setembro.


publicado: 23/09/2016 10:28

 




Em 17 dias de competições olímpicas – 5 a 21 de agosto –, 10.500 atletas de 206 países disputaram 42 modalidades esportivas em 32 locais espalhados por quatro regiões da cidade: Copacabana, Maracanã, Deodoro e Barra da Tijuca.

Em sua 28ª edição, primeira realizada na América do Sul, os jogos olímpicos mostraram dados surpreendentes. De acordo com o Ministério do Esporte, mais de 200 mil pessoas trabalharam nos eventos, dos quais 45 mil voluntários vindos de vários países, em competições que foram acompanhadas por mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mudo. O Rio de Janeiro recebeu 1,17 milhão de turistas, 410 mil destes estrangeiros.

Já na 15ª edição dos jogos paralímpicos – 7 a 18 de setembro –, 4.333 atletas de 161 países competiram em 22 modalidades esportivas. No primeiro sábado dos jogos paralímpicos, 10 de setembro, o Parque Olímpico da Barra teve recorde de público, com 172 mil visitantes.

O êxito alcançado com os jogos também se estendeu ao tráfego aéreo e à segurança aérea. No balanço apresentado pelo Ministério da Defesa, em 58 dias de atividades para a segurança, 23 mil militares da Marinha, Exército e Aeronáutica foram empregados. Na defesa aeroespacial, a Força Aérea Brasileira (FAB) realizou 35 missões de interceptação, oito de interrogações e quatro com ocorrências de alteração de rota.

As ações de coordenação do tráfego aéreo foram feitas a partir da Sala Master de Comando e Controle, no Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), organização subordinada ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Representantes do governo, companhias aéreas e aeroportos acompanharam o deslocamento de atletas, animais e equipamentos utilizados nas competições, além do monitorar os voos de chefes de Estado, dignatários e autoridades governamentais.

Na manhã do dia 22 de setembro, o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil convocou uma coletiva de imprensa para apresentar o balanço pós jogos olímpicos e paralímpicos. O diretor de Gestão Aeroportuária do Ministério, Paulo Henrique Possas, anunciou o dia histórico para mostrar os excelentes resultados do setor aéreo no último grande evento realizado no Brasil.

Segundo Possas, o planejamento começou com a Rio + 20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em 2012, mas a experiência com outros grandes eventos – Copa das Confederações e Jornada Mundial da Juventude, em 2013, e Copa do Mundo, em 2014 – foi imprescindível para o resultado apresentado.

Os dados levaram em consideração a operação em nove aeroportos: Tom Jobim e Santos Dumont (RJ); Confins (MG); Guarulhos, Campinas e Congonhas (SP); Brasília (DF); Salvador (BA); Manaus (AM).

Passageiros transportados

Durante as Olimpíadas foram transportadas 7,91 milhões de pessoas, com 94,8% de pontualidade, bem acima da meta prevista para o setor no período. Nos jogos paralímpicos foram 6,56 milhões de passageiros, com índice de pontualidade de 95,3%.

A soma da movimentação aérea dos eventos seria equivalente a transportar a população do Paraguai e da Suíça. Já com relação aos atrasos, para efeito comparativo, na Copa do Mundo, a pontualidade foi de 91,2%, e nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Londres (2012), a pontualidade foi em 90,77% e 89,98%, respectivamente.

O diretor de Gestão Aeroportuária apresentou os dados sobre a pesquisa de satisfação do passageiro, aplicada de 1° a 19 de setembro. Desde 2013, a Secretaria de Aviação Civil divulga trimestralmente a pesquisa permanente que mede a satisfação dos passageiros em itens como infraestrutura, atendimento, serviços e gestão.

A pesquisa feita nos aeroportos envolvidos diretamente na Paralimpíada teve a pontuação mais alta já registrada. Em uma escala de 1 a 5, a nota média da avaliação alcançou 4,30, resultado melhor que o obtido durante a Olimpíada (4,27). Isso significa que nove em cada dez entrevistados consideraram os aeroportos bons ou muito bons.

Possas descreveu os conceitos-chave do sucesso do planejamento no setor aéreo: a integração, a colaboração, o legado e a experiência, destacando o exemplo da Copa do Mundo na África do Sul (2010), a 26ª edição da Jornada Mundial da Juventude, em Madri (Espanha) e os Jogos Parapan-Americanos de Toronto, disputados na cidade canadense entre os dias 7 e 15 de agosto de 2015.

Esta última trouxe um olhar para a acessibilidade, a adaptação dos aeroportos para receber os atletas paralímpicos. Foram feitos seis simulados. "Nosso grande trunfo, em especial no Galeão, Santos Dumont e em Guarulhos, foi oferecer, nos aeroportos, que são entes públicos, a acessibilidade adequada. Preocupar-se com o cuidado, a prontidão, a ajuda profissional e irrestrita em cada etapa do embarque ou desembarque faz parte da nossa missão, que é, em suma, a de demonstrar respeito e realizar um atendimento digno a essas pessoas. E tenho a honra de dizer que entregamos isso a cada passageiro que chega ao aeroporto, seja para embarcar ou desembarcar", afirma o diretor de Gestão Aeroportuária do Ministério.

Atletas e delegações

Em seguida, o gerente de operações da RIOgaleão, concessionária que administra o Aeroporto Tom Jobim, Carlos Rodriguez, descreveu a preparação do aeroporto nos últimos dois anos, com investimentos de R$ 2 bilhões.

A operação bem-sucedida nos jogos Rio 2016 contabilizou números expressivos para o aeroporto, foram:

  • 2,5 milhões de passageiros;
  • 61 mil integrantes da família olímpica, entre atletas, treinadores e staff;
  • 185 mil bagagens da família olímpica;
  • mais de 12 mil pousos e decolagens, incluindo o maior avião comercial do mundo, o Airbus A380 da Air France, usado pela delegação francesa;
  • 1489 voos extras;
  • mais de 20 mil integrantes da família paralímpica;
  • mais de três mil pessoas em cadeiras de rodas;
  • mais de 48 mil bagagens da família olímpica;
  • mais de seis mil pousos e decolagens.

Rodriguez destacou, ainda, o check in remoto, realizado em parceria com a Rio 2016 e com as empresas aéreas, que tornou possível a montagem de um mini aeroporto na Vila Olímpica, na Barra da Tijuca. Atletas e família olímpica puderam fazer o check in, pagar por excesso de bagagem e emitir cartão de embarque. Ao chegar ao aeroporto, o atleta passaria diretamente pelo raio X.

A gerente de Chegadas e Partidas do Comitê Rio 2016, Valéria Sorrentino, destacou os três anos de planejamento prévio para "fechar o ciclo com maestria e qualidade". Em sua apresentação, explicou que o check in remoto foi uma obrigatoriedade imposta pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Sorrentino descreveu como grande desafio contar com apenas um aeroporto internacional, uma vez que em Londres foram quatro, mas que o "sucesso alcançado no evento, deve-se à integração, ao comprometimento e ao planejamento", disse.

No dia das cerimônias de encerramento, olímpicos e paralímpicos, as bagagens de todos os atletas já tinham sido despachadas para o aeroporto, nenhuma mala foi deixada para trás e nenhum voo saiu com atraso.

Foram inúmeras reuniões da Rio 2016 com as companhias aéreas antes do início da competição, através das quais ficou estabelecido que 23 companhias participariam do check in remoto na Vila dos Atletas e mais de mil pessoas foram agregadas para atuar no local. Nos jogos olímpicos, foram atendidos 8.450 passageiros na Vila dos Atletas, enquanto nas paralimpíadas foram 6.670 pessoas. Valéria Sorrentino agradeceu aos mais de seis mil funcionários da Rio 2016, que tornaram possível que o processo de chegadas e partidas acontecesse dentro do esperado.

Aeroporto Santos Dumont

A grande preocupação com a acessibilidade levou a Infraero a realizar quatro simulados no Aeroporto Santos Dumont, além de obras no balcão de check in, criação de piso tátil (com textura e cor em destaque do piso comum, perceptível por pessoas com deficiência visual e baixa visão) e sistema informativo de voo para atender a grande demanda.

Em 2014, recebeu o selo Diamante, através do projeto Rio Acessível, promovido pela Prefeitura da cidade. O terminal foi o único entre 250 locais avaliados que obteve esta certificação, o que significa dizer que 90% do local é acessível.

No período das Paralimpíadas, o terminal recebeu 377,6 mil viajantes, sendo 1.371 com necessidade de assistência especial (PNAE). O número foi 164,67% maior em comparação ao mesmo período em 2015, quando 518 PNAE foram atendidos, de um total de 376,8 mil passageiros.

O superintendente do Santos Dumont, Aparecido Iberê de Oliveira, disse que "assim como nos demais países que receberam jogos paralímpicos, a expectativa é que o número de passageiros com necessidade de assistência especial cresça daqui para frente, sendo que o legado, tanto de infraestrutura quanto de pessoal, proporcionado pelas paralimpíadas será replicado".

Iberê ressaltou que os eventos anteriores trouxerram conhecimento e experiência, apesar do descrédito da sociedade e da imprensa. "Isso foi possível graças ao empenho, a experiência, a integração, ao apoio das companhias aéreas e do DECEA. No Santos Dumont tivemos mais de mil pessoas extras trabalhando para atender durante os eventos e não tivemos nenhum problema nos pousos e decolagens", finalizou.

Departamento de Controle do Espaço Aéreo

O chefe do Subdepartamento de Operações do DECEA e coordenador da Sala Master de Comando e Controle, Brigadeiro do Ar Luiz Ricardo de Souza Nascimento, iniciou sua apresentação falando do orgulho de ser brasileiro e de representar uma organização que está à frente de mais de 13 mil pessoas.  Na sequência, detalhou o trabalho da FAB, no gerenciamento do espaço aéreo (DECEA) e na defesa aérea, coordenada pelo Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA), destacando que o Brasil é o único País que integra as áreas de controle e defesa. "Nosso conceito inicial era manter a segurança e viabilizar fluidez na operação do tráfego civil", explicou.

A Área de Controle Terminal (TMA) Rio, a segunda maior do País, teve sua configuração modificada por causa de restrições de segurança. Foram ativadas zonas de exclusão para sobrevoo na cidade do Rio de Janeiro – e nas cidades que realizaram partidas de futebol – que dividiram o espaço aéreo em três níveis, demarcados com as cores branca, amarela e vermelha, com restrições distintas.

A preparação do DECEA incluiu ainda o treinamento de mais de dois mil controladores de tráfego aéreo, no Programa de Simulação de Movimentos Aéreos (PROSIMA), a análise das lições aprendidas em grandes eventos realizados anteriormente, reuniões com a comunidade aeronáutica e a elaboração de cartas de voo com novos procedimentos de chegada e saída.

Outra funcionalidade disponibilizada para os pilotos foi a possibilidade de enviar planos de voo pela internet, através do Sistema Integrado de Gestão de Movimentos Aéreos (SIGMA).

Para atender ao aumento de tráfego no aeroporto internacional, durante as Olimpíadas e Paralimpíadas, a Torre de Controle do Aeroporto do Galeão (TWR-GL) do Destacamento de Controle do EspaçoAéreo do Galeão (DTCEA-GL) teve suas posições duplicadas para aumentar a capacidade de controle. Houve aumento do número de controladores, com o objetivo de dobrar a capacidade de gerenciamento de movimentos.

O Brigadeiro Luiz Ricardo também fez referência ao Portal Operacional do CGNA, que tornou possível o acesso de um piloto estrangeiro a normas, contingências, capacidades de pistas e setores de controle de tráfego aéreo, além de informações aeronáuticas e condições meteorológicas no Brasil.

Importante ressaltar que, durante todo o processo, o DECEA atuou de forma a privilegiar a decisão colaborativa, procedimento adotado desde a fundação do CGNA.

Por fim, o oficial-general trouxe os números da quinta edição da Sala Master de Comando e Controle. Foram 63 dias de operação, com 38 posições de trabalho, a participação de 21 organizações, sete ministérios do Governo Federal e o trabalho de 124 pessoas.

Na Sala Master de Comando e Controle foram monitorados durante os Jogos Rio 2016:

  • 113 voos VIP;
  • 95 voos dignatários com chefes de Estado;
  • 109 voos dignatários acompanhados a partir da aviação regular;
  • 159 deslocamentos da família olímpica e paralímpica;
  • 838 voos de monitaramento para segurança;
  • 354 voos da empresa que veiculou as imagens oficiais do evento;
  • 4 apresentações da Esquadrilha da Fumaça.

O Brigadeiro reforçou, ainda, que apesar do mau tempo e da chuva nos dias de cerimônia de abertura e encerramento, o que pode representar condições de tráfego aéreo desfavorável, o DECEA esteve preparado.

Um exemplo compartilhado pelo militar durante a coletiva foi o relato de um piloto da equipe de transmissão do evento, que agradeceu ao DECEA pela coordenação de tráfego através da qual ele pode fazer imagens próximo ao Museu do Amanhã, que está localizado a poucos metros das pistas de pouso e decolagem do Aeroporto Santos Dumont. "Não houve nenhum reporte de incidente de tráfego aéreo na Terminal Rio de Janeiro, tivemos treinamento, planejamento e coordenação. Tenho certeza de que fomos medalha de ouro, o Brasil foi medalha de ouro", finalizou o Brigadeiro Luiz Ricardo.

Fiscalização

A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) destacou o bom desempenho do transporte aéreo na temporada olímpica, foram registradas 23 infrações relacionadas ao atendimento aos passageiros e nas Paralímpiadas, apenas quatro.

Foram inspecionadas 211 aeronaves e emitidas apenas 28 notificações de irregularidades operacionais. Na Copa do Mundo foram 89 notificações.

A Agência contou com reforço de 500 servidores na fiscalização e na orientação para receber os quase 15 milhões de passageiros registrados no período olímpico, entre atletas, membros de delegações e turistas que chegaram ao País.

O superintendente de Ação Fiscal da ANAC, Claudio Beschizza Ianelli, agradeceu a parceria com os órgãos públicos, principalmente na inspeção de segurança e o apoio da Polícia Federal e do COMDABRA. Foram mais de 60 dias de operação para deixar gravado na memória os grandes feitos de uma equipe que tinha um único objetivo: mostrar que o povo brasileiro é comprometido e capaz de desempenhar sua missão com excelência.

 

 

 

Assessoria de Comunicação Social (ASCOM) do DECEA
Reportagem: Gisele Bastos (MTB 3833 PR) – giselegclb@decea.gov.br
Fotos: Luiz Eduardo Perez Batista (RJ 201930 RF) – perezlepb@decea.intraer