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Primeiro Seminário CPDLC Continental apresenta o Projeto LANDELL à comunidade aeronáutica

publicado: 19/12/2018 11:09

 




O auditório da Universidade Anhembi Morumbi, campus Vila Olímpia, São Paulo (SP), foi o palco para a realização do primeiro Seminário CPDLC Continental – Projeto LANDELL, no início de dezembro.

O principal objetivo do evento foi reunir a comunidade aeronáutica para apresentar o planejamento da operacionalização da Comunicação entre Controladores de Tráfego Aéreo e Pilotos por meio de Enlace de Dados (CPDLC), no espaço aéreo continental brasileiro.

A ideia é manter o conceito de tomada de decisão colaborativa (CDM), o intercâmbio de informações entre operadores de aeronaves, associações representantes das companhias aéreas nacionais e internacionais, a indústria da aviação, prestadores de serviços e o controle de tráfego aéreo. Esta prática vem sendo amplamente utilizada pelo DECEA e os mais diversos setores da aviação.

O Chefe do Subdepartamento de Operações do DECEA, Brigadeiro do Ar Ary Rodrigues Bertolino, fez a abertura do evento destacando a importância do tema. “Esta tecnologia envolve investimento por parte da aviação e do usuário. É importante discutir e conhecer efetivamente o ganho com a utilização da comunicação por enlace de dados e, quais as ações necessárias para que dentro da data planejada, estejamos aplicando a CPDLC na área continental brasileira”, incentivou.

O Brigadeiro Bertolino disse ainda que o seminário é o primeiro passo para despertar o assunto e para que os segmentos da aviação, além do DECEA e da ANAC, caminhem juntos para cumprir o cronograma de implantação da tecnologia.

Na primeira apresentação, o oficial CNS da Organização da Aviação Civil Internacional, do escritório de Lima, Francisco Almeida da Silva, fez um retrospecto sobre o CNS/ATM, expressão utilizada para descrever Comunicação Aeronáutica, Navegação Aérea, Vigilância e Gerenciamento de Tráfego Aéreo.

O Oficial fez referência aos guias e padrões utilizados pela OACI para a comunicação via enlace de dados, como, por exemplo, o Anexo 10, Volume 3, documento importante sobre data link. O Sr Francisco falou também sobre a evolução data link e, por fim, a infraestrutura necessária para sua aplicação.

As demais palestras contextualizaram a comunicação data link já existente entre controlador de tráfego aéreo e piloto, no Centro de Controle de Área Atlântico (ACC AO), onde são utilizadas mensagens padronizadas, pré-definidas, selecionadas por uma barra de menu.

Os responsáveis pelos subgrupos – Doutrina de Emprego, Interface Homem Máquina (IHM), Capacidade do Espaço Aéreo, Pesquisa, Normas, Análise SGSO, Capacitação, Técnico e Equipamentos Aeroembarcados – que compõem o Grupo de Trabalho Projeto LANDELL ressaltaram as ações desenvolvidas e necessárias à operacionalização da aplicação.

A proposta inicial é de que a operação inicie em 2020, em alguns setores do Centro de Controle de Área de Recife e do Amazônico (ACC RE e ACC AZ).  A CPDLC será um canal de comunicação adicional, que trará aumento de segurança e redução da carga de trabalho do controlador de tráfego aéreo.

Parcerias

A SITAonAIR, especializada em soluções de comunicações e TI, participou da programação com três profissionais: Diego Jimenez, Gerente ATC para as Américas; Patrick Geurts, Gerente ATC para a Europa; e Manoel Souza, especialista em cockpit.

A SITA possui experiência na implementação das tecnologias que permitem o tráfego CPDLC. No Brasil, a SITA estabeleceu contrato de concessão com DECEA para infraestrutura data link.

Manoel Souza explicou que o papel de sua empresa é identificar as necessidades do cliente, definir parâmetros de qualidade e de performance junto ao órgão responsável e as empresas aéreas para a eficiência da comunicação.

“Toda a aeronave que trafega no espaço aéreo norte-americano via CPDLC utiliza a metodologia de conexão disponibilizada pela SITA. A comunicação terra-ar já existe no Brasil, e estamos iniciando o planejamento para implementação do CPDLC nacional,  definindo em conjunto com o DECEA e as empresas aéreas os próximos passos para garantir a eficiência, segurança e qualidade nas comunicações”, explicou.

ANAC

Bruno Diniz Del Bel, da Gerência de Operações de Empresas de Transporte Aéreo da Agência Nacional de Aviação Civil, disse que a ANAC tem feito discussões multidisciplinares para desenvolver o assunto e que uma Instrução Suplementar (IS) está em fase de elaboração.

Outro ponto abordado pela agência foram os critérios de aeronavegabilidade. O operador de aeronaves deve comprovar se possui instalados os equipamentos necessários para o tipo de operação pretendido e fazer uma declaração de conformidade, emitida pela entidade detentora do projeto de instalação data link, com as capacidades do sistema.

Quanto aos procedimentos operacionais, Del Bel informou que o operador deve padronizar o uso do CPDLC entre tripulantes e o Despachante Operacional de Voo (DOV). Todos os procedimentos devem estar de acordo com as normas de tráfego aéreo, MCA 100-13 (Brasil), e ICAO DOC 10037 (para operação internacional).

ABEAR

A Associação Brasileira das Empresas Aéreas trouxe dois representantes das companhias aéreas Avianca e Azul, que expuseram aos participantes informações sobre a capacidade da frota para a operação CPDLC, a operação nas FIR (Região de Informação de Voo) nacionais, e os investimentos necessários para padronização das aeronaves.

Para o piloto Arnoldo Erick Pieper, Operações de Voo da Azul, a implantação do CPDLC é fundamental tanto do ponto de vista da segurança, como da flexibilização dos recursos do DECEA e das empresas aéreas. “O uso desta tecnologia reduz a carga de trabalho do piloto e do controlador. É uma tendência irreversível”, acrescentou.

Na palestra ressaltou sua experiência como piloto voando no espaço aéreo americano e brasileiro, enfatizando que o ambiente em voo de cruzeiro no Brasil é atribulado. “O controlador fala com três frequências diferentes. Não ouço os pilotos das outras frequências, mas o controlador que está falando comigo é o mesmo, toda vez que ele aperta o botão ouço a transmissão e isso aumenta muito nossa carga de trabalho”, explicou.

IATA

Na apresentação da Associação Internacional de Transporte Aéreo, o Diretor-Assistente da IATA, Julio Cesar de Souza Pereira, falou sobre as empresas aéreas que voam no Brasil, suas frotas e a capacidade embarcada para operação data link (FANS 1/A e ATN), além do programa de treinamento de pilotos para operação de aviônicos data link.

De acordo com o profissional, a IATA preconiza que todo o sistema a ser implantado passe por um processo de análise de custo benefício, de forma transparente, com economicidade, que traga proveito para o usuário e o provedor.

“Qual será o benefício para as empresas quanto ao consumo de combustível, o meio ambiente? É importante que se fale também sobre o benefício para o provedor do serviço de navegação aérea, em termos de redução de custos de sistemas, equipamentos e recursos humanos”, pontuou.

Resultados

Na avaliação do gerente do Projeto LANDELL, Primeiro Tenente Especialista em Comunicações Marcelo Mello Fagundes, do Subdepartamento de Operações do DECEA, o evento cumpriu o objetivo de envolver de maneira definitiva a comunidade aeronáutica.

“Tivemos a participação de representantes da indústria, da aviação civil, companhias aéreas e aviação geral. É importante continuarmos com estes encontros para que, de uma forma amplamente colaborativa, consigamos as melhorias operacionais advindas da implantação desta tecnologia, sendo a maior delas o incremento da segurança operacional na aviação”, finalizou.

Assessoria de Comunicação Social do DECEA Reportagem: Gisele Bastos – jornalista Fotos: Fábio Maciel