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Painéis solares garantem o funcionamento dos equipamentos de navegação aérea na Amazônia

publicado: 25/05/2018 12:59

 




Na fronteira com o Suriname, a 750 Km de distância de Manaus, está Tiriós, um povoado no extremo norte do Pará. Cercado pela floresta amazônica e compartilhando espaço com aldeias indígenas, Tiriós é considerado localidade estratégica, por ser rota de voos comerciais regulares para as américas Central e do Norte, onde está inserido um Destacamento de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA-TS).

Subordinado ao Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV), o DTCEA-TS é responsável por manter equipamentos imprescindíveis à navegação e defesa aérea e ao controle meteorológico na região Amazônica. O radar da unidade é um dos primeiros da região a identificar aeronaves vindas do Norte e tem um alcance de 250 milhas, capaz de controlar o espaço aéreo das fronteiras com as Guianas e o Suriname.

Com o objetivo de garantir a operacionalidade dos equipamentos de navegação aérea com menor custo operacional, esforço logístico e impacto ambiental, a Força Aérea Brasileira (FAB) apostou no projeto de geração de energia sustentável, considerado uma iniciativa pioneira no Brasil. “O uso de painéis fotovoltaicos, que convertem a luz do sol em energia elétrica, se tornou a melhor alternativa para Tiriós, assim como em Surucucu (RR), onde há uma Estação de Apoio ao Controle do Espaço Aéreo (EACEA)” - explica o idealizador do projeto e chefe do Subdepartamento Técnico (SDTE) do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), Coronel Engenheiro Dalmo José Braga Paim.

A usina solar é uma das alternativas energéticas mais promissoras do novo milênio. Ela é inesgotável, renovável e estratégica para a preservação do meio ambiente, já que não gera poluentes. Todas essas vantagens se somam a redução do consumo do óleo diesel.

Segundo o comandante do CINDACTA IV, Coronel Aviador Nilo Sérgio Machado de Azevedo, o maior desafio de Tiriós é o logístico. “A difícil localização geográfica e a ausência de energia elétrica comercial são algumas características da região, e o único meio de acesso é o aéreo”.

Para garantir o funcionamento dos equipamentos de navegação aérea, foi necessário prover sua própria energia, utilizando, primeiramente, uma matriz termelétrica baseada na queima de óleo diesel com três grupos geradores. “A poluição causada pelo consumo de combustível, o esforço humano, os custos com manutenção das máquinas e peças, além das dificuldades de transporte do óleo diesel a bordo de cargueiros levaram a busca de uma solução alternativa de geração de energia elétrica”, justifica o chefe da Subdivisão de Engenharia Especializada do CINDACTA IV, engenheiro Boris Brandão.

De acordo com um estudo realizado pelos técnicos da unidade, utilizando os recursos energéticos disponíveis na localidade, o aproveitamento da energia solar seria a opção mais limpa, confiável e econômica.

Funcionamento

Em atividade desde novembro de 2016, a estação híbrida integra painéis fotovoltaicos a grupos geradores a diesel. Eles produzem até 268 Kilowatts de potência e são capazes de abastecer, de forma autônoma, o DTCEA Tiriós por até dez horas diárias. O sistema de absorção de energia solar é composto por 1.072 placas fotovoltaicas e cinco bancos de 24 baterias estacionárias ventiladas, que alimentam a carga da estação com vida útil estimada em 20 anos. A logística para a implantação da estação envolveu cerca de 210 toneladas, dez meses de transporte de material e cinco meses de montagem, ocupando uma área aproximada de 2.400m².

Desde o seu funcionamento, o projeto possibilitou a economia de 45% nos custos de geração de energia para a manutenção da unidade. “O investimento, de cerca de três milhões de Euros, entre a compra dos equipamentos e a logística de instalação, deve ser recuperado em até sete anos”, explica o engenheiro Boris.

Importância estratégica de Tiriós

“São unidades como Tiriós, equipadas com radares, estações meteorológicas e sistemas de telecomunicações, que fornecem informações de defesa aérea e controle de tráfego aéreo ao CINDACTA IV”, afirma o Coronel Nilo.

A complexidade da estrutura se justifica pela importância estratégica da região: além de ser rota de voos comerciais regulares para as Américas Central e do Norte, e monitorar um grande fluxo de aeronaves menores, como táxis aéreos, a região Amazônica apresenta uma significativa faixa de fronteira que a torna vulnerável ao tráfico ilícito.

Segundo o comandante do CINDACTA IV, a importância da unidade também está ligada ao desenvolvimento e à integração da região. “Tiriós se insere nesse contexto da campanha Dimensão 22 da FAB, de controlar, defender e integrar o País. Além de disponibilizar informações de meteorologia, de telecomunicações e de radar, a unidade presta apoio às comunidades indígenas”.

Benefícios

Com o objetivo de encurtar as distâncias e economizar os custos, foram instalados equipamentos de monitoramento remoto, que permitem supervisão e comando à distância e em tempo real, para que técnicos do CINDACTA IV realizem procedimentos de manutenções preventiva e corretiva sem a necessidade de estarem presencialmente no Destacamento. “Embora o custo de uma lâmpada seja insignificante, levá-la a Tiriós é extremamente caro, já que o acesso se dá somente por avião. Desta forma, com o objetivo de restringir demandas logísticas e ampliar ao máximo a vida útil dos equipamentos utilizados, foram adotadas alternativas autossustentáveis de longa duração, que minimizassem a necessidade da ida ao local”, pontua o Coronel Paim.

Funcionando com 100% de operacionalidade, o sistema híbrido se mostrou seguro, confiável e econômico, reduzindo significativamente o número de falhas e panes operacionais. “Antes, com a utilização única de grupos geradores, eram necessários 22 mil litros de óleo por mês, o que exigia uma visita técnica mensal para manutenções corretivas e preventivas por conta do desgaste dos materiais envolvidos na queima do combustível. Com adoção da energia solar, passaram a ser utilizados 12 mil litros de óleo/mês, sendo necessária apenas duas visitas preventivas por semestre, já que os equipamentos são monitorados remotamente” -  contabiliza Boris.

De acordo o chefe da Divisão Técnica do CINDACTA IV, Coronel Aviador Arthur Carlos Guedes Naylor Junior, comparando com outras fontes, a energia solar se tornou a melhor alternativa, diminuindo o uso dos grupos geradores e fornecendo uma energia sustentável e com baixo número de falhas. “A qualidade e a confiabilidade do fornecimento de energia gerada pelos painéis fotovoltaicos resultou em grandes benefícios econômicos e ambientais”, comemora.

 

Assessoria de Comunicação Social do DECEA
Reportagem: Denise Fontes – Jornalista
Fotos: Fábio Maciel