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O SWIM como perspectiva de integração no DECEA

publicado: 29/05/2017 17:03

 




Por definição, interoperabilidade é a capacidade de um sistema, informatizado ou não, comunicar-se de forma transparente com outro sistema, similar ou distinto. Para ser interoperável, o sistema precisa trabalhar com padrões abertos. Esta é basicamente a principal e desafiadora proposição do SWIM, do inglês System-Wide Information Management.

O I Workshop Cyber & SWIM trouxe reflexão e discussão sobre o tema, com especial atenção para o trânsito seguro da informação, ou segurança cibernética.  Profissionais liberais, universidades, indústria e empresas governamentais estiveram durante dois dias, 25 e 26 de maio, trocando experiências e conhecimento sobre as tendências do mundo globalizado.

O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), organização responsável pelo controle do espaço aéreo brasileiro, e o Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), centro de pesquisa no âmbito do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), coordenaram o encontro realizado no auditório do DECEA, no Rio de Janeiro.

De acordo com o chefe do Subdepartamento de Operações do DECEA, Brigadeiro do Ar Luiz Ricardo de Souza Nascimento, todos têm consciência de que o SWIM é um conceito mundial, que traz mudança de paradigma na prestação do serviço aeronáutico e na segurança da informação.

Ao reconhecer a relevância do Brasil para a Região SAM – América Latina, o Brigadeiro Luiz Ricardo descreveu a importância da participação da indústria nacional neste processo. “Vamos mudar, dar sustentabilidade para o negócio, prestar um serviço baseado nas melhores práticas internacionais sem desperdiçar o poder da indústria brasileira”.

Para o Professor da Universidade de Brasília (UnB), Pós-Doutor pela University of Calgary (Canadá), Li Weigang, o primeiro evento oficial sediado no DECEA teve participação ampla de todos os players da aviação: o próprio DECEA, a Atech, a Boeing, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPDq), a companhia aérea Gol, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Universidade de Brasília e a Universidade de São Paulo (USP).

“A universidade exerce um papel fundamental na implantação do SWIM e da segurança cibernética. Temos um know-how de pesquisa que ajuda a ter outra visão sobre os temas da indústria. Além de desempenharmos um papel único em inovação na indústria. Esse envolvimento da indústria e academia é benéfico a todos”, ponderou o Professor Li.
Como órgão central do SISCEAB, o DECEA tem papel fundamental no desenvolvimento e implantação do conceito SWIM. O chefe da Divisão de Planejamento do SDOP/DECEA, Tenente-Coronel Antônio Márcio Ferreira Crespo, falou sobre algumas iniciativas neste sentido.

O DECEA tem participado de painéis da Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO) sobre o tema e tem interagido com a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA – Federal Aviation Administration) e com a Organização Europeia para a Segurança da Navegação Aérea (Eurocontrol).

“No Brasil, o DECEA é o principal ator fazendo a coordenação, agregando as contribuições da área de meteorologia, da área de informações aeronáuticas e das áreas de gerenciamento de fluxo de tráfego para prover o framework chamado SWIM”, descreveu o Tenente-Coronel Crespo.

No que tange a segurança cibernética, o Subdiretor de Pesquisa do ICEA, Tenente-Coronel Aviador Alexandre de Barros Barreto, destacou a importância de conhecer as tecnologias utilizadas em outros países, seus desafios e linhas de ação, bem como outros pontos de vista. “É preciso permitir a entrada de outros atores, como a academia, indústria, operadores e reguladores para descobrir quais são as melhores práticas para que se possa construir um modelo que seja coerente com a realidade brasileira”.

Na visão do Tenente-Coronel Barreto, a segurança cibernética é um tema atual que traz desafios comuns, ou seja, não basta que seja garantido que o sistema funcione de forma ininterrupta conforme seu projeto, é necessário, também, que ele continue operando, sem falhas, mesmo quando houver uma pessoa tentando corrompê-lo.

“As tecnologias não foram pensadas com este elemento nocivo ao sistema. Este workshop tem uma importância fundamental porque traz à tona a reflexão sobre como proteger de forma efetiva o SISCEAB de hoje, projetando as necessidades e estratégias futuras”, pontuou.

Tendência global

O conceito SWIM preconizado pela ICAO aponta para o aumento da consciência situacional por meio da troca de informações em tempo real, asseguradas a qualidade, integridade e segurança.

Em 2015, a Organização produziu um manual sobre o assunto o Doc 10039  – Manual on System Wide Information Management (SWIM) Concept. No entanto, o assunto já constava em outros documentos, como o DOC 9854 (Global Air Traffic Management Operational Concept), o DOC 9882 (Manual on Air Traffic Management System Requirements) e o DOC 9750 (Global Air Navigation Plan).

O SWIM consiste em padrões, infraestrutura e governança que permitem a gestão de informações relacionadas ao ATM e seu intercâmbio entre partes qualificadas por meio de serviços interoperáveis.

Na FAA e Eurocontrol a implementação do SWIM foi expandida através das fronteiras internacionais e organizacionais, principalmente nas áreas de gestão de metadados e interoperabilidade semântica entre registros de serviços.

Neste panorama, a Boeing Company, multinacional norte-americana de desenvolvimento aeroespacial e de defesa, tem prestado apoio e suporte no desenvolvimento de SWIM nos Estados Unidos e Europa, e atua há mais de 15 anos como parceiro da comunidade global.

No Brasil, as iniciativas incluem o projeto “ATN-Br, como elemento habilitador do conceito SWIM”, em desenvolvimento pela Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA).  Uma das ações é a migração da atual tecnologia analógica WAN E1 (Wide Area Network), para uma tecnologia digital baseada em tecnologia IP, seguido os requisitos de qualidade definidos pela ICAO.

O Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA) por sua vez está em estudos para adequação do AIXM (Aeronautical Information Modelo Exchange) – gestão e distribuição de dados dos Serviços de Informação Aeronáutica (AIS) em formato digital - ao padrão SWIM.

A Universidade de Brasília (UnB) também tem participado deste processo contribuindo para que o Brasil se aproxime cada vez mais dos países desenvolvidos no que se refere ao SWIM.

Desde 1998, o Translab – Centro de Excelência para Pesquisa e Desenvolvimento de Modelos Computacionais aplicados ao Transporte Aéreo, no Departamento de Ciência da Computação da UnB – tem desenvolvido vários projetos relacionados ao Controle de Tráfego Aéreo, em um processo de decisão colaborativa, em cooperação com a Atech, o ITA e o Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA).

A estratégia do TransLab da UnB é construir o SWIM Registry (Registro SWIM) para servir de apoio aos serviços SWIM do futuro. “Tendo em vista toda integração entre registros que já está em curso entre países desenvolvidos, a UnB está propondo um SWIM Registry que será compatível com essa implementação, e assim, oferecer uma ponte de comunicação e inovação no desenvolvimento SWIM ao redor do mundo, como FAA e Eurocontrol”,explicou o Professor Li.

A implementação do SWIM no SISCEAB projeta benefícios:
- a melhoria da tomada de decisão das partes interessadas durante as fases de voo (pré-voo, em voo e pós-voo);
- o aumento do desempenho do sistema;
- comunicações mais flexíveis e menos onerosas através da aplicação de normas comuns para o intercâmbio de informações;
- o acoplamento mínimo, que minimiza o impacto das mudanças entre produtores de informação e consumidores; e
- o suporte ao gerenciamento de controle de tráfego aéreo.

No dia 25, os participantes foram divididos em quatro grupos para discussão de temas específicos: Segurança Cibernética (Framework para ATM), Segurança Cibernética (Contexto do SWIM), SWIM (Infraestrutura e Governança) e SWIM (Aplicações & Serviços).

Em sua área de abrangência, cada grupo ficou responsável por descrever suas ideias e impressões sobre o cenário e uso da tecnologia SWIM/CYBER no Brasil, a curto, médio e longo prazo. Segundo o Professor Li (UnB), as discussões ajudaram no enriquecimento do debate e por aproximar autoridades em SWIM com clientes e usuários.

Neste sentido, os objetivos do workshop de identificar os desafios à implantação do SWIM, refletir sobre o desenvolvimento de um arcabouço funcional e flexível para a segurança cibernética no SISCEAB e buscar oportunidades de colaboração, intercâmbio e compartilhamento de experiências foram plenamente alcançados.

A partir do evento será criado um Comitê Técnico-Operacional, com a participação da comunidade acadêmica – Universidade de Brasília, Escola Politécnica da USP, ITA – indústria, companhias aéreas, coordenado pelo DECEA, com apoio do ICEA, para delineamento de ações que se traduzam na aplicação do conceito no Brasil.

Atualmente o conceito de SWIM está inserido no empreendimento “Melhoria da qualidade, integridade e disponibilidade da Informação Aeronáutica”, do Programa SIRIUS, mas a intenção é que figure de forma independente em virtude de seu grau de relevância no contexto mundial.  O Programa SIRIUS agrupa 22 empreendimentos , que contribuem para a modernização do SISCEAB e a evolução do Sistema ATM Nacional.

Assessoria de Comunicação Social do DECEA
Reportagem: Gisele Bastos (MTB 3833 PR) – giselegclb@decea.gov.br
Fotos: Luiz Eduardo Perez Batista (RJ 201930 RF) – perezlepb@decea.intraer
Sargento Pantoja – Seção de Comunicação do ICA