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Grupo de Trabalho do Projeto LANDELL apresenta modernização de conceitos

publicado: 05/08/2019 13:56

 




Entre os dias 22 e 26 de julho, foi realizada mais uma reunião do Grupo de Trabalho do Projeto LANDELL (Operacionalização da Comunicação entre Controladores de Tráfego Aéreo e Pilotos por Enlace de Dados (CPDLC) – no espaço aéreo continental brasileiro), no Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), em São José dos Campos (SP).

Após exibição do cronograma e status do projeto, o gerente do LANDELL, Capitão Especialista em Comunicações Marcelo Mello Fagundes, passou a palavra aos representantes dos subgrupos, que trouxeram resultados práticos dos trabalhos desenvolvidos ao longo dos últimos meses, com empenho de toda a equipe envolvida na implementação do CPDLC no continente.

Uma das atualizações discutidas no evento foi referente às recomendações doutrinárias para os casos de falha de comunicação usando o CPDLC. O Tenente Coronel Especialista em Controle de Tráfego Aéreo comentou a questão: “a CPDLC é um meio de comunicação e, por conseguinte, não será considerada falha caso ocorra falha com a comunicação por voz (VHF) somente. Essa é uma definição importante, discutida pelo subgrupo de Doutrina, pois influencia a forma como os Serviços ATS são prestados às aeronaves”.

Outra alteração foi a revisão de cenário protótipo de implementação da CPDLC. A ideia inicial era de operação em cinco setores do Centro de Controle de Área (ACC) de Recife e alguns setores da Região Belém, pertencente a Região de Informação de Voo (FIR) Amazônica.

A mudança ocorreu após recomendação do Diretor Assistente de Segurança e Operações de Voo da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), Júlio César de Souza Pereira, que participou do encontro representando as companhias aéreas nacionais e internacionais.

“Acho que estamos num bom caminho. Gostaríamos que este processo fosse antecipado, mas existem aspectos técnicos, operacionais e de contratações que vem antes”, explicou Pereira. “Nossa expectativa de ampliar o espaço aéreo da fase 1, incluindo toda a região Belém, e uma parte maior da FIR Recife, poderá trazer benefícios operacionais que seriam sentidos já no início da implementação”, disse.

O representante da IATA acredita que a menor utilização da voz trará mais fluidez na comunicação entre piloto e controlador, que por consequência poderá monitorar maior número de aeronaves simultaneamente. “A fraseologia padronizada através do uso de mensagens pré-formatadas pode beneficiar significativamente a segurança operacional e é um fator importante para o aumento da capacidade do espaço aéreo”, opinou.

Aplicabilidade

Outro tópico abordado foi a transição entre fases e emprego do set de mensagens. Inicialmente, este set aumentaria, com o avanço e aumento de complexidade das fases. No entanto, o trabalho do subgrupo de Gerenciamento de Risco a Segurança Operacional (DGRSO) demonstrou que esta abordagem poderia impactar e dificultar a comunicação entre controladores de tráfego aéreo e pilotos nos casos em que aeronaves transitassem entre setores em diferentes fases de evolução. Como o País está dividido por diferentes Regiões de Informações de Voo, cada uma poderia estar em uma fase diferente, empregando set de mensagens diferentes.

De acordo com o gerente do projeto, um dos suportes para esta modificação foi o desempenho dos controladores de tráfego aéreo (ATCO) que já realizaram o curso ATM 042. Desde janeiro deste ano, já passaram pelo ICEA sete turmas com militares do Terceiro e Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III e IV).

“Os controladores têm demonstrado facilidade no entendimento da tecnologia e em sua aplicação. Os trabalhos práticos realizados durante o ATM042 mostraram que eles se familiarizam rapidamente e ficam ansiosos para o início da operação CPDLC, o que contribuiu para o grupo chegar ao consenso sobre a conveniência da ampliação e padronização do set de mensagens a ser empregado nas fases ”.

Durante o evento, também foram registrados os resultados do primeiro teste de performance data link relacionada à latência no espaço aéreo continental brasileiro. Este assunto foi tema de reportagem destacando os primeiros testes utilizando CPDLC em espaço aéreo continental, resultado do trabalho realizado pelo CINDACTA3, juntamente com membros do subgrupo Técnico do LANDELL e o Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV).

Planeja-se a realização de outros testes que comprovem a suficiência da infraestrutura data link para o modelo operacional no qual será implantada a CPDLC, sem que haja degradação do serviço VHF oferecido atualmente. “Os testes serão de suma importância para que se possa determinar o tempo máximo que o controlador poderá aguardar, até reverter as comunicações para voz ou seguir a doutrina de emprego que será recomendada para o caso”, explicou o Capitão Fagundes.

Outro ajuste ainda em estudo está relacionado a uma importante barreira para a segurança operacional, que será implementada para evitar que uma mensagem data link seja enviada para a aeronave errada. Será implementado no sistema CPDLC um importante filtro que não permitirá que voos com matrícula de aeronave diferente do registrado nos planos de voo façam logon.

Nos casos do FPL (plano de voo apresentado pelo piloto ao órgão dos serviços de tráfego aéreo, sem qualquer modificação posterior), que já prevê a inserção do registro da aeronave sempre que for diferente da matrícula do voo, o filtro deverá comparar os dados da aeronave que pretende logar no CPDLC com os dados do FPL, porém nos casos de RPL (plano de Voo Repetitivo referente aos voos regulares com características básicas similares, com base em HOTRAN – Horário de Transporte), este campo não é obrigatório.

Para a comunicação CPDLC, este registro será fundamental para a troca de mensagens fidedigna entre o controlador e a aeronave que esteja realizando determinado voo. Desta forma não há risco de que a mensagem seja mandada para outra aeronave, que esteja realizando um plano de voo diferente do proposto inicialmente (RPL).

O assunto será tema de reuniões entre o subgrupo DGRSO, do Grupo de Trabalho do Projeto LANDELL, a IATA e a Associação Brasileira de Empresas Aéreas (ABEAR) para tomada de decisão colaborativa. A finalidade é estabelecer um planejamento para a adoção das medidas que sejam favoráveis aos envolvidos.

Por fim, os grupos iniciaram as entregas de seus produtos em formulário padronizado, chamado de relatório intraprojeto, que será o documento com o registro das entregas efetuadas. A finalidade é que, ao final do projeto, tenham sido coletadas informações que justifiquem as ações adotadas, além de preservar o histórico do projeto.

Assessoria de Comunicação Social do DECEA Texto: Gisele Bastos Fotos: Marcelo Alves