Departamento de
Controle do Espaço Aéreo

A abertura do evento, que faz parte do programa de trabalho da Unidade Aérea do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), teve a participação do chefe do Subdepartamento de Administração (SDAD), Brigadeiro do Ar Sérgio Rodrigues Pereira Bastos Junior, que dividiu com os participantes um pouco de sua experiência como piloto no 1º Esquadrão do 16º Grupo de Aviação (1º/16º GAv), ativado em 1988, na extinta Base Aérea de Santa Cruz (BASC), no Rio de Janeiro. “Tive a oportunidade de ser comandante de uma unidade aérea e até hoje ainda sou o segundo piloto que tem mais horas de voo em uma aeronave AMX na FAB”, contou o chefe do SDAD.

Antes disso, o Brigadeiro Sérgio pilotou a aeronave Xavante por sete anos e fez questão de dizer que por todas as unidades onde passou sempre verificou a seriedade com que o tema era tratado. “Na Força Aérea o gerenciamento da segurança operacional sempre foi bem balizado” - elogiou o chefe do SDAD.

Todas as palestras foram ministradas por convidados e, de acordo com o comandante do GEIV, Tenente-Coronel Aviador Mauro Carrinho de Moura, o objetivo foi trazer uma dinâmica maior de temas para agregar novas soluções e informações. “Procuramos pessoas de empresas aéreas para mostrar a realidade deles. Outro convidado foi um advogado especialista em Direito Aeronáutico, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para versar sobre a parte jurídica no caso de um acidente. A ideia é que todo o efetivo conheça outras vivências, não apenas de pessoas envolvidas na atividade aérea”, explicou.

O Tenente-Coronel Mauro esclareceu que o Grupo preza excessivamente pela segurança, não apenas por ser uma unidade aérea, mas por ser uma organização de referência, que está na ponta da linha para uma operação segura.

O GEIV possui vários canais de contato com os tripulantes para manter todos em alerta quando o assunto é a segurança. Periodicamente são divulgadas as boas práticas e também recomendações. São feitas, ainda, diversas reuniões com o quadro de tripulantes para compartilhar orientações no decorrer do ano. Além disso, a unidade aérea mantém indicadores de risco aviário. “Temos a indicação de um algoritmo que desenvolvemos internamente. Como voamos a baixa altura em todos os aeródromos, informamos qual é o índice de risco de colisão com pássaro em cada localidade”, explicou o comandante do GEIV.

Todas estas iniciativas têm o objetivo de manter a segurança. “A partir do momento que começamos a ser complacentes e deixar as coisas fluírem normalmente, ficamos a mercê de um evento inesperado, então constantemente temos que elevar o nível de atenção”, complementou o Tenente-Coronel Mauro.

Para o operador de sistemas, o 1° Sargento BCO Fabio Luiz Domingos Costa, no GEIV desde o ano 2000, eventos como esse são produtivos para o Grupo por orientar sobre segurança de voo, que é o foco principal da unidade. “Na prática todo mundo ajuda a prover a segurança de voo, não importa se é um piloto, operador de sistema ou mecânico. Temos nossa missão, que é a inspeção em voo, sem deixar de levar em conta a segurança de voo, ponto central da nossa jornada”, esclareceu o militar.

A mesma posição é defendida pelo mecânico de voo, o 3º Sargento Leonardo Campos, da Seção de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, a segurança de voo é um dever de todos. "Inclusive aqueles que não estão diretamente envolvidos com a atividade aérea", completou o sargento. No seu ponto de vista, inclusive o soldado mais moderno pode, por exemplo, preencher um Relatório de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (RELPREV) que ajude na segurança de voo do Grupo. “Com a Jornada de Segurança de Voo conseguimos elevar o nível de consciência situacional da equipe e mostrar o quanto é importante a participação de todos na prevenção de acidentes”, avaliou o o Sargento Dias Campos.

A visão do Capitão Aviador Bruno Antunes Ramos, piloto inspetor do GEIV, não difere dos outros integrantes sobre a Jornada: “O objetivo é elevar o nível de atenção sem a ocorrência de acidente, mas com palestras que alertam sobre alguns perigos do dia a dia é muito proveitoso”, opinou o oficial. Ele explicou, ainda, que o nível de atenção tende a cair com o passar dos dias e anos sem acidentes, até que aconteça algo para que todos os aeronavegantes elevem novamente esse nível: "Não precisa necessariamente ser piloto, que tem uma responsabilidade mais direta no voo, mas todos da manutenção, da operação, de todas as áreas deveriam ter regularmente estas palestras justamente para elevar o nível de atenção sem que seja necessário acontecer um acidente”.

Programação

Entre os destaques, o professor e piloto Fauze Abib Tobias falou sobre a Automação na Aviação - Uma abordagem proativa e preditiva, na qual apresentou os fundamentos da tecnologia do voo automático das aeronaves e a identificação dos fatores humanos envolvidos na interação homem máquina.

As Tenentes Psicólogas Franciella Maria de Melo Lopes e Monique Fernandes de Oliveira, do Instituto de Psicologia da Aeronáutica (IPA), trouxeram para a Jornada o tema "Inteligência Emocional e a Atividade Aérea", onde abordaram diversas influências dos traços de personalidade e da interação entre as pessoas no desempenho das funções dentro da cabine e como um desequilíbrio pode se transformar num perigo a bordo das aeronaves ou até mesmo no solo, ainda no ambiente organizacional.

O 1º Tenente Médico Gustavo Messias Costa, do Instituto de Medicina Aeroespacial, em sua palestra “Voar sob influência”, destacou os aspectos e as consequências de voar sob o efeito de álcool ou drogas.

O engenheiro Frederico Moreira Machado, da Embraer, ministrou três palestras: "Evitando Acidentes no Pouso", que tratou dos fatores contribuintes nas excursões de pista; "Inventores", que mostrou experiências malsucedidas em voo; e, por fim, "Mau tempo: não caia nessa", que fez um alerta sobre os riscos associados aos fenômenos meteorológicos e cuidados importantes no planejamento do voo.

Por fim, o Dr. Antonio José e Silva, da Comissão de Direito Aeronáutico da OAB-RJ, ministrou uma vibrante apresentação sobre "Direito Aeronáutico Contemporâneo", unindo sua experiência como piloto, mecânico e advogado especialista em Aviação, explicou a evolução da abordagem jurídica aos acidentes aeronáuticos no Brasil e no mundo, fazendo uma construção histórica até os dias atuais com os mais recentes casos e suas respectivas interpretações e sentenças.

Assessoria de Comunicação Social do DECEA Reportagem: Gisele Bastos  – jornalista Fotos: Fábio Maciel