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DECEA sedia II Ciclo de Seminários da Cátedra de Meteorologia Aeronáutica
É possível que teorias existam apartadas da prática? Sabemos que sim. Mas sabemos também que quando operam em conjunto, como duas faces da mesma moeda, os resultados são muito mais impactantes para ambas as instâncias.
Lidar com o controle do espaço aéreo implica, dentre outras atividades, no gerenciamento do fluxo de tráfego aéreo, que, por sua vez, demanda, dentre muitas expertises, ter acesso profundo e irrestrito aos produtos de Meteorologia Aeronáutica.
Assim, desejando manter-se alinhado com o que há de mais moderno em Meteorologia voltada para o universo da Aeronáutica com todas as suas especificidades, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) investiu na parceria com as Universidades da Força Aérea (UNIFA) e Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para o desenvolvimento de estudos e pesquisas que atendam demandas pontuais do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), através da Cátedra de Meteorologia Aeronáutica.
Somado ao investimento acadêmico, o DECEA proporcionou duas vagas a dois militares de seu efetivo, para que este laço esteja ainda mais intensificado.
A cada seis meses, este grupo formado por acadêmicos que vão desde a pós-graduação até o pós-doutorado, se reúne para apresentar o desenvolvimento de suas pesquisas na presença de seus orientadores, que são Doutores de renome internacional, como o Dr. Gutemberg França; o Dr. Francisco Leite de Albuquerque Neto; Dr. Haroldo Campos Velho; Dr. Nelson Francisco Ebecken; Dr. Wallace Menezes.
A última rodada de apresentações aconteceu nos dias 4 e 5 de dezembro, no auditório do DECEA, com o segundo ciclo de palestras de pesquisadores da Cátedra, cujos temas possuem impacto prático no gerenciamento do fluxo de tráfego aéreo.
A abertura foi feita pelo chefe do Subdepartamento de Operações, Brigadeiro do Ar Ary Rodrigues Bertolino, que destacou a relevância da Meteorologia Aeronáutica não só para o DECEA, como também para a Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) e atualizou o panorama da aviação no Brasil, comentando que a maioria dos incidentes tem relação com o mau tempo. “O DECEA vem trabalhando junto às empresas aéreas e aeroportos para fazer um Plano Nacional de Alternados, que trata justamente das soluções e alternativas para pousos de aeronaves cujos aeroportos destino estão fechados por questões de mau tempo. Falar das dificuldades em se alternar um aeroporto para pouso, é demonstrar aos senhores aqui presentes a complexidade da malha aeroviária, a sua dinâmica de operação e como é cada vez mais importante a precisão do fenômeno meteorológico para o gerenciamento do espaço aéreo. Precisamos saber a hora que um determinado fenômeno vai ocorrer e a sua intensidade, para que, com base nestes dados, possamos tomar nossas decisões” - relatou o chefe do SDOP.
Dentre os palestrantes, destacamos o 1º Tenente MET Jimmy Nogueira de Castro, que falou da “Previsão de Eventos Extremos para a Área Terminal de São Paulo”, e o 1° Tenente MET Fabrício Magalhães Cordeiro, que iniciou apresentando as atividades do Previsor da Força Aéreo Brasileira (FAB) e sua pesquisa de Mestrado com o tema “Estimativa de Visibilidade no Aeroporto Santos Dumont Utilizando Inteligência Computacional”.
Para o Dr. Gutemberg, o evento foi muito bem-sucedido. “As atividades estão sendo desenvolvidas e já podemos ver o progresso realizado desde o último seminário” - declarou ele, aproveitando para destacar a relevância não só da coleta, mas do registro de dados para que eles possam ser amplamente estudados. “Quanto mais dados obtivermos, melhor poderemos caracterizar os fenômenos. Por isso a relevância de se armazenar estes dados por mais tempo do que o período de um ano” - finalizou.
O Major Fernando Abreu destacou que, “embora alguns dados fiquem registrados por um ano, os dados climatológicos, por exemplo, são armazenados no Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) desde 1940”.
Em suas considerações finais, o Dr. Haroldo realçou a relevância da capacitação no desenvolvimento de metodologias específicas para atender às nossas demandas, bem como as técnicas que vieram com os estudos da inteligência artificial, “cujos impactos sentiremos de maneira forte nos próximos cinco ou dez anos”.
O Dr. Albuquerque enfatizou que estamos vivendo um momento especial de mudança de cultura. “Toda mudança de cultura nos tira do nosso conforto, o que pode até incomodar. Estamos participando de algo diretamente ligado à sociedade. Estamos aqui engajados para atender às necessidades de uma área da sociedade. Não estamos fechados numa bolha apartada. Nos importa o que acontece lá fora. Este é o caminho. Eu que vivi o dia-a-dia da aviação sei o quanto é vital trabalhar com dados precisos. É uma questão de segurança”.
Fechando os trabalhos, a palavra foi passada para o comandante do Núcleo do Centro Integrado de Meteorologia Aeronáutica (NuCIMAER), com sede na Ponta do Galeão (RJ), Tenente-Coronel Francisco Pinheiro Gomes, que agradeceu a presença e o trabalho de todos os mestrandos. “No CIMAER teremos um novo conceito de modelo operacional. Não basta reunir os profissionais da Meteorologia num só espaço e seguir com os modelos operacionais de 30 anos. É neste momento de modernização e de mudança de cultura que entra a Cátedra de Meteorologia Aeronáutica com o trabalho dos senhores. O CIMAER tem que estar preparado para passar aos órgãos de controle – como o Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) – os mais precisos dos dados. Trabalhamos com o trinômio: Segurança, Regularidade e Eficiência”.
Ao final do Ciclo, os orientadores se reuniram para fechar a Ata das apresentações e traçar metas para o próximo período.
Assessoria de Comunicação Social (ASCOM DECEA)
Reportagem: Telma Penteado – jornalista
Fotos: Telma Penteado /Marcelo Alves /1S Pantoja (ICA)