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DECEA reconhece e parabeniza o trabalho dos meteorologistas aeronáuticos do Brasil

publicado: 14/10/2020 17:22

 




Dia 14 de outubro é o Dia do Meteorologista. A Meteorologia Aeronáutica é o ramo da meteorologia aplicado à aviação que contribui para a garantia dos padrões de segurança, de economia e de eficiência dos voos.

A profissão foi regulamentada em 1980 pela lei nº 6.835 e avalizada pela Assembleia Geral da Sociedade Brasileira de Meteorologia (SBMET). A partir de 2008, o dia 14 de outubro foi aprovado oficialmente como o "Dia do Meteorologista", na Sessão Plenária Ordinária 1353, do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - CONFEA.

Para o Centro Integrado de Meteorologia Aeronáutica (CIMAER) o dia 14 de outubro será destinado a homenagear meteorologistas e técnicos em meteorologia. Este ano, o reconhecimento será por meio da história de sucesso da Terceiro Sargento Técnico em Meteorologia Fernanda Andrade Monteiro, nova integrante do efetivo do Centro, recém-chegada da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), em Guaratinguetá (SP).

O CIMAER tem a missão de gerenciar, executar e controlar as atividades relacionadas à Meteorologia Aeronáutica no Brasil, bem como a prestação do serviço Meteorológico Aeronáutico de vigilância e previsão, apoiando as atividades militares de defesa e assegurando a vigilância meteorológica nos aeródromos e em todo o espaço aéreo brasileiro.

A intenção de contar a história da Terceiro Sargento Fernanda Andrade tem várias razões. Além de valorizar a mulher, já que no mês de Outubro Rosa é realizada mundialmente uma campanha para alertar a sociedade sobre o diagnóstico precoce do câncer de mama, e, portanto, neste mês, elas ganham mais notoriedade, busca-se também a valorização dos técnicos meteorologistas do CIMAER, ao revelar detalhes sobre a história da primeira colocada da especialidade Básico em Meteorologia (BMT), da última turma formada pela EEAR, primeira após o início da pandemia do novo coronavírus.

As linhas que seguem, buscarão contar um pouco mais de uma história de sucesso que envolve esta profissional e a meteorologia. Natural do Rio de Janeiro, Fernanda ficou sabendo da Escola de Especialistas da Aeronáutica por uma amiga que fez o concurso quando estava terminando o ensino médio.

Após concluí-lo, fez um curso preparatório durante seis meses e continuou estudando em casa. Foram dois anos tentando ingressar na Academia da Força Aérea (AFA) ou na Escola de Especialistas, ficando na reserva três vezes consecutivas e, consequentemente, participando de todo o processo seletivo envolvendo exames médicos, testes psicológicos e físicos.

Ao mesmo tempo que adquiria experiência realizando todas as etapas dos concursos, precisou exercitar sua resiliência por não ter seu nome na relação dos que seguiriam para Pirassununga, onde está localizada a AFA, ou Guaratinguetá, na EEAR.

“Foi um período bem desgastante e que me fez questionar se eu realmente estava escolhendo o caminho certo ou se isso tudo era Deus me mostrando que o que Ele queria para mim era diferente do que desejava. Era ruim esperar que alguém perdesse o concurso para que, dessa forma, eu conseguisse entrar”, comentou a militar.

Então, Fernanda resolveu fazer um “acordo” de Filha para Pai (o Todo-Poderoso): faria a prova e se esse caminho fosse determinado para ela, que ela passasse entre os titulares, caso contrário, seria um sinal de que o caminho a ser trilhado deveria ser outro.

“Fiz a minha parte e a resposta Dele veio com o meu nome entre os titulares. Impossível esquecer quando vi meu nome na relação dos aprovados no site da EEAR. Estava sozinha e lembro de meus seguidos cliques na tecla “F5” (a função desta ferramenta é atualizar a página ativa na Internet) do computador para me certificar de que o que estava vendo era realmente verdade. Nada na minha vida foi fácil, mas creio que isso me fez dar mais valor a tudo e a todos que já me ajudaram de alguma forma”, relatou a 3S Fernanda Andrade.

O dia 1° de julho de 2018 foi o divisor de águas na vida da recém-aprovada. Até então civil Fernanda passou a ser a “conscrita” Fernanda Andrade e o livro de sua vida passa a ter um novo capítulo.

O início da quarentena trouxe novos desafios, a zona de conforto ficou para trás, a casa ganhou novo endereço e a família passou a ser com as 104 meninas e os outros membros masculinos do Esquadrão Netuno.

“Ao final da quarentena, muitas mudanças. Ao trocar a camiseta branca e o jeans pelo camuflado, ganhei a denominação de aluna, aprendi a ser mais disciplinada, aprendi que cinco minutos é tempo que não acaba mais, aprendi que quando achamos que chegamos no nosso limite, tem ainda pelo menos 30% para realmente chegar, que mulher pode sim fazer flexão sob sol intenso, que a maior força vem do psicológico e que cantar o Hino Nacional significa uma declaração de amor à minha Pátria e à minha farda”, disse.

Quanto à Meteorologia, Fernanda escolheu ainda durante o processo de inscrição, após pesquisas e sugestões de colegas. Ao mesmo tempo que queria Meteorologia, sabia que as chances de deixar a terra natal e sua família eram plausíveis. “Mas como tudo entrego nas mãos de Deus, segui meu coração e escolhi a especialidade de Meteorologia, no resto Ele agiria”, acrescentou a Sargento.

O acampamento veio e os aprendizados da quarentena serviram para que a aluna Fernanda Andrade conseguisse suplantar as privações de comida e de água com mais maturidade e com elevado espírito de corpo. “Realmente foi uma das fases mais difíceis do curso, pois acabei tendo uma pneumonia. Deus mais uma vez segurou minha mão e me conduziu à conclusão dessa etapa. Pude observar como é importante a união de um grupo, como nós militares somos fiéis aos nossos propósitos e como é bonito ver a lealdade e a empatia presentes nos momentos difíceis”, relatou a Terceiro Sargento Fernanda Andrade.

Ao finalizar a primeira série, a despeito das dificuldades iniciais, tornou-se a primeira colocada ("a 01") da especialidade e assim permaneceu até o final do curso. “Meu objetivo nunca foi ser a primeira colocada de nada, só fazia o meu melhor e tinha como critério que jamais passaria por cima de ninguém e assim conduzi minhas ações. Fui de candidata à estagiária e, posteriormente, à aluna do Programa de Treinamento Militar (PTM - 1ª e 2ª séries) e do Programa de Treinamento para Liderança (PTL - 3ª e 4ª séries).

Os últimos seis meses foram bem peculiares, mais uma quarentena aconteceu: dessa vez, a do novo coronavírus. Com isso, todo o planejamento, expectativas e prioridades sofreram modificações e a saúde passou a ser a prioridade para todos.

“Descobrimos no dia 13 de março de 2020, dia da nossa festa dos 100 dias, que ficaríamos aquartelados até segunda ordem. Pensamos que duraria no máximo um mês, mal sabíamos que, a partir daquele momento, só sairíamos e veríamos nossos familiares novamente depois da formatura”, lembrou a militar.

Nesse meio tempo, saíram as vagas e o que achava ser impossível aconteceu, uma posição para o Rio de Janeiro. “Era a minha vaga. Lembro como foi recompensador quando tive que confirmar a localidade escolhida. Levantar e poder dizer: Fernanda Andrade, CIMAER, Rio de Janeiro”, acrescentou a 3S BMT Fernanda Andrade.

Mesmo com o cenário de pandemia, os preparativos para a formatura continuaram. Seria realmente uma formatura sem precedentes, com máscaras e sem familiares, mas não havia espaço para lamentações, a “batalha” de dois anos estava vencida e merecia ser comemorada.

Dessa forma, no dia 19 de junho de 2020, a até então aluna Fernanda Andrade passaria a carregar nos ombros não só as divisas de Terceiro Sargento, mas toda a responsabilidade que a graduação reveste. Sua missão havia sido cumprida com louvor.

No dia 1º de julho 2020, em meio a tanta expectativa, a militar se apresentou ao Centro Integrado de Meteorologia Aeronáutica - CIMAER. "Encontrei um ambiente de trabalho amistoso e acolhedor, sorrisos entremeados a palavras gentis de seja bem-vinda e conte conosco aplacaram meus receios e minha ansiedade com o novo. Hoje constato que minhas impressões iniciais estavam corretas e o ambiente é de solidariedade e empatia. Oficiais e graduados dividem com muita harmonia e respeito o mesmo ambiente, sem impacto à hierarquia e à disciplina, enfatizou a militar.

“Podem ter certeza que darei meu melhor, podem contar com meus préstimos. Digo isso para o Comandante (Tenente-Coronel Francisco Pinheiro Gomes) e para o soldado mais moderno. Apesar de ainda me encontrar em processo de adaptação, já que o trabalho operacional é muito complexo e de extrema responsabilidade, não me arrependo em nenhum momento de ter escolhido o CIMAER como meu novo lar”.

A Sargento Fernanda Andrade acredita que tem algo em comum com o CIMAER: “estamos nascendo juntos”. O CIMAER foi ativado por meio da Portaria n° 579/GC3, de 12 de abril de 2019, publicada no BCA n° 63 de 16 de abril de 2019. “Só tenho a agradecer a Deus e à Força Aérea Brasileira por tudo que vivi até aqui”, disse a Terceiro Sargento Técnica em Meteorologia.

A história de Fernanda Andrade é uma inspiração e um exemplo de resiliência, fé e perseverança para seus superiores, pares e subordinados. “Nesse dia 14 de outubro, conhecer sua história me faz ter ainda mais certeza de como temos pessoas competentes atuando na Meteorologia. Parabéns a todos nós meteorologistas, que tenhamos sabedoria e saúde para interpretar de forma cada vez mais eficaz os sinais que a mãe natureza nos dá diariamente”, disse o Comandante do CIMAER, Tenente-Coronel Pinheiro Gomes.

O militar se sente grato pela escolha da Terceiro Sargento pelo CIMAER e completa: “não foi uma escolha, foi a escolha da 01 da especialidade. Ter militares assim carregando o dom do CIMAER do lado esquerdo do peito é uma grande vitrine para a Organização. Um militar que alcança, ao final de um curso de carreira, a primeira colocação, possui predicados que toda organização gostaria de contar. Disciplina, competência, foco e fé na missão são valores e condições para o cumprimento de qualquer missão”, concluiu.

No dia da formatura, a Sargento Fernanda Andrade recebeu uma homenagem do DECEA pela primeira colocação no Curso de Formação de Sargentos (CFS) 2°/2018, na especialidade de Meteorologia.

CIMAER: Prever para apoiar, apoiar para voar, voar para defender e integrar.

Assessoria de Comunicação do DECEA Texto: Cap Esp Met Rangel Fotos: 3S BMT Fernanda Andrade Revisão: Gisele Bastos