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DECEA recebe comitiva sueca em evento dedicado a voos não tripulados

publicado: 21/02/2022 10:05

 




O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) — com o apoio do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) — promoveu de 14 a 17 de fevereiro, o primeiro workshop destinado ao Projeto “Detect and Avoid” (Detectar e Evitar).

O projeto incorpora um conceito operacional aplicado às operações de voos não tripulados, que tem por objetivo viabilizar aos pilotos remotos as mesmas capacidades dos pilotos de aeronaves tripuladas, no que tange à identificação e ao desvio de obstáculos em voo, por meio da utilização de sensores inteligentes embarcados.

Na ocasião, militares do DECEA e do ICEA receberam uma comitiva sueca, participante do projeto, composta de especialistas da academia, indústria, para compor o grupo de trabalho. Formada por pesquisadores da Linköping University, da SAAB e da Luftfatsverket - LFV (provedor de serviços de navegação aérea sueco), a comitiva veio o Brasil para, junto aos especialistas brasileiros, demonstrar os levantamentos de dados iniciais e algumas das propostas em desenvolvimento, bem como debater assuntos assinalados pelo grupo de trabalho, na busca pelas soluções demandadas pelo projeto.

“Com a retirada do piloto do cockpit da aeronave, as capacidades de ver e evitar precisam ser substituídas por soluções tecnológicas, com vistas a garantir que piloto remoto cumpra com as ‘Regras do Ar’, estabelecidas no Anexo 2 da Convenção de Chicago, da qual o Brasil é Estado Signatário”. É o que afirma o Capitão Jean Pierre de Castro Benevides, chefe da Seção de Planejamento de Sistema de Aeronave Não Tripulado do DECEA que gerencia o projeto “Detect and Avoid”, nascido no âmbito de uma parceria binacional de escopo mais amplo, o Air Domain Study – ADS, para qual o DECEA fora convidado a participar em 2019.

 

 

“Um dos maiores desafios do projeto é o desenvolvimento de soluções embarcadas viáveis para serem instaladas em aeronaves não tripuladas com baixo peso máximo de decolagem, geralmente com menos de 25kg. Tipo de aeronave que será largamente utilizada nas operações de delivery, por exemplo, e serão completamente dependentes da tecnologia de Detectar e Evitar”, relata o oficial.

Cooperação firmada entre os governos do Brasil e da Suécia em 2015, o Air Domain Study envolve uma série de projetos que têm por objeto ampliar a colaboração estratégica nas diversas vertentes do setor aeronáutico de ambos os países. Uma delas, o voo não tripulado, deu margem ao projeto Detect and Avoid, proposto pelo DECEA. No primeiro dia do evento, realizado em São Jose dos Campos, a comitiva sueca visitou centros de excelência brasileiros instalados no campus do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). Os pesquisadores foram recebidos pelo reitor do ITA, Professor Anderson Ribeiro Correia e visitaram duas importantes unidades de pesquisa da organização: o Centro Espacial (CEI) e o Centro de Competência em Manufatura (CCM).

 

 

No ICEA, unidade subordinada ao DECEA responsável pelo ensino e pesquisa no âmbito do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), foram recebidos pelo diretor do instituto, Coronel Aviador Plínio da Silva Becker, visitaram o Laboratório de Simulação (LABSIM), o Simulador de Torre 180 e o Simulador de Torre 360. Nos dias seguintes, os participantes revezaram-se, do púlpito à audiência, em uma série de apresentações, palestras e debates de temáticas relacionadas ao projeto, que ainda dispôs da participação de representantes das empresas Atech – Negócios em Tecnologia S/A e Xmobots Aeroespacial. Os militares do DECEA e do ICEA ainda acompanharam a comitiva sueca em uma ida a São Paulo (capital) para uma rápida visita às instalações da Atech, na Vila Olímpia, antes do embarque dos especialistas suecos no Aeroporto de Guarulhos, no retorno à Europa.

Para o controlador de tráfego aéreo da estatal sueca Luftfatsverket - LFV, Bjorn Stavas, no que tange às operações aéreas não tripuladas, é importante que cada etapa evolua com os parâmetros máximos de segurança. “Esperamos que esta colaboração frutífera, fundamentada no conceito de tripla hélice (órgãos reguladores, academia e indústria) agilize o desenvolvimento de um espaço aéreo totalmente integrado, mas com segurança. Pode ser que leve tempo. Mas a segurança é nossa prioridade”, afirmou Stavas.

 

 

Para o Capitão Benevides, o projeto é fundamental para a evolução dessas operações. “Através dessa tecnologia proporcionaremos a escalabilidade dos voos não tripuladas. Ou seja, imaginando uma área para delivery, por exemplo, sem a capacidade de ‘ver e evitar’, teríamos que segregar o espaço aéreo, o que restringiria mais as operações, exigindo a redução no número de aeronaves em voo. Já com essa capacidade (aeronaves não tripuladas aptas a “ver e evitar”) conseguiremos reunir mais aeronaves em uma área menor, viabilizando o crescimento do setor com mais segurança”.

Para o representante brasileiro no Painel de Sistemas de Aeronave Remotamente Pilotada (RPASP) da Organização Internacional da Aviação Civil (OACI), Major Jorge Alexandre de Almeida Regis, o objetivo maior será o alcance da completa integração dos voos não tripulados ao SISCEAB.

 

“Este tipo de evento proporciona ao Estado brasileiro, por meio da aplicação do conceito tripla hélice, a possibilidade de reunir em um único ambiente, a academia, a indústria e os órgãos reguladores, com vistas à pesquisa e desenvolvimento das soluções tecnológicas necessárias à integração do sistema de aeronaves não tripuladas. Uma vez integradas ao SISCEAB, as aeronaves não tripuladas trarão benefícios à comunidade como um todo, contribuindo, inclusive, para a implantação do conceito de mobilidade aérea urbana”, disse o ofcial.

A evolução do projeto “Detect and Avoid” permanece em curso. Além das reuniões periódicas por videoconferência, há a intenção da realização de um novo encontro presencial, desta vez na Suécia, entre os meses de junho e setembro de 2022.

Assessoria de Comunicação Social do DECEA

Reportagem: Daniel Marinho - Jornalista (Mtb 25768 RJ)

Repórter Fotográfico: Luiz Perez (RJ 201930RF)