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DECEA realiza seminário na Escola de Especialistas de Aeronáutica

publicado: 20/04/2018 14:21

 




Atualização, especialização, conhecimento.  Contrariando a famosa frase atribuída ao filósofo Sócrates: “só sei que nada sei”, um grupo de militares convidados pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) esteve, no período de 10 a 13 de abril, na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), para um seminário sobre Navegação Aérea.

O evento, voltado para os instrutores do curso de Formação de Sargentos em Controle de Trafego Aéreo (BCT), aconteceu durante a realização das Olimpíadas do Corpo de Alunos da escola, a OCA.

Enquanto os Esquadrões participavam das competições – atletismo, pentatlo militar, futebol de campo, basquetebol, voleibol, natação, corrida, cabo de guerra, entre outras – o corpo docente ficou reunido no galpão BCT para aprimoramento de conhecimentos.

A primeira palestra, ministrada pelo 2º Sargento Rafael Reis – da turma Guerreiro Dourado 2006, instrutor do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) e controlador de tráfego aéreo da torre do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Guaratinguetá (DTCEA-GW) -, versou sobre navegação aérea. Em sua participação, ministrou os mesmos conceitos aplicados no curso do ICEA para que os instrutores preparem os estudantes para os desafios e necessidades do órgão operacional.

Sob os auspícios de sua experiência como instrutor e ATCO (do inglês, Air Traffic Control Officer), Rafael sabe que as mudanças em tráfego aéreo acontecem com muita rapidez, seja pela entrada de novas tecnologias, a modernização de regulamentos ou, ainda, as recentes determinações da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). Por esta razão, julga importante que profissionais mais experientes venham à Escola de Especialistas para atualizar o conteúdo.

O Sargento Rafael considera este alinhamento de conceitos indispensável. “Observo instrutores altamente interessados em aprender. Capacitação não é custo, é investimento, porque o instrutor é quem dissemina o conhecimento para quem ainda está em processo de formação”, opinou o graduado.

Após as atualizações em navegação aérea, o próximo tema abordado foi o conceito de Navegação Baseada em Performance (PBN), que fundamenta o uso intensivo da navegação baseada em satélites (Global Navigation Satellite Systems – GNSS) em substituição progressiva aos sistemas terrestres convencionais para navegação em rota e aproximações (VOR – Radiofarol Omnidirecional em Frequência Muito Alta, NDB – Radiofarol Não Direcional e ILS – Sistema de aproximação e pouso de precisão).

Antes de iniciar suas apresentações, o 2º Tenente Bruno Garcia Franciscone, aluno da turma Eterna Verde 99 –, assessor da Linha ATM, da Divisão de Coordenação e Controle do Subdepartamento de Operações do DECEA, aplicou um questionário para fazer um diagnóstico sobre o conhecimento dos instrutores.

O PBN faz parte de um esforço da OACI em harmonizar os métodos de navegação de área pelos procedimentos RNAV (Navegação de Área) e RNP (Performance de Navegação Requerida).

Os métodos são similares e se diferenciam basicamente pela existência, na navegação RNP, de um sistema de monitoramento e alerta aos pilotos da integridade da informação de posicionamento da aeronave, que não é necessário na navegação RNAV.

Ao final das palestras, o mesmo questionário foi aplicado pelo Tenente Franciscone para observar o aproveitamento dos instrutores com relação ao conteúdo ministrado.

Fechando o ciclo de palestras, o Major Clóvis Fernandes Junior, especialista em controle de tráfego aéreo, da turma Verde 91, da Subdivisão de Gerenciamento de Tráfego Aéreo, do Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II), falou sobre o conceito do espaço aéreo. Em entrevista, fez uma analogia para explicar o tema e usou como exemplo a cidade de Curitiba (PR).

O município tem um setor de planejamento urbano que avalia a estrutura da localidade, as ruas, os bairros, as regiões de maior fluxo de veículos, pontos com grande probabilidade de congestionamentos. Este setor é responsável por fazer uma redistribuição de tráfego, que pode ser através do estabelecimento de novas ruas, mudança de sentido na via, inclusão de mão dupla em determinado ponto. Várias opções são analisadas para descomplicar o trânsito.

Assim acontece com o conceito do espaço aéreo, que avalia e define como as operações aéreas devem acontecer em uma determinada porção do espaço aéreo para atingir objetivos estratégicos, esperados pelos setores de planejamento e gestão. Espera-se que estes voos tenham mais eficiência, que as trajetórias sejam mais curtas, que se utilize menos combustível, haja menor emissão de CO2 na atmosfera e seja mantida a segurança operacional para que a circulação aérea seja menos complexa.

Na opinião do Major Fernandes Jr., fazer com que o aluno tenha contato com estes temas é importante para sua formação. “Conhecer estes temas, as atividades desenvolvidas para organizar o espaço aéreo, que é onde será o ambiente de trabalho dele, é fundamental”, explicou.

Para o comandante da EEAR, Brigadeiro do Ar Valdir Eduardo Tuckumantel Codinhoto, as escolas de formação da Força Aérea Brasileira devem acompanhar a evolução do mundo, das novas tecnologias, para que forneçam ao sistema elementos capazes de operação.


“Isto reflete diretamente na operacionalidade da Força. O cuidado que devemos ter na instrução, na formação, na atualização, não só dos processos, mas dos nossos instrutores, aqueles relacionados direta ou indiretamente com o ensino. É um desafio diário, constante, a capacitação do homem, que se reflete em nossa atividade fim, que é o emprego do poder aeroespacial” 
Brigadeiro do Ar Codinhoto - comandante da EEAR


O oficial-general também pontuou a importância que o DECEA exerce nos processos da EEAR, por desenvolver um papel de relevância para o País, pela natureza de sua missão: o gerenciamento e controle do espaço aéreo e atividades de apoio à navegação aérea. Pela natureza da função, o DECEA mantém contato direto com o usuário do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB).

“Este conhecimento do DECEA é imprescindível para que atualizemos nossos processos e possamos fornecer profissionais à altura da qualificação do potencial que é exigido do próprio Departamento de Controle do Espaço Aéreo”, concluiu o Brigadeiro Codinhoto.

Assessoria de Comunicação Social do DECEA
Reportagem: Gisele Bastos
Fotos: Luiz Eduardo Perez Batista
            2S Coradesque – EEAR