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DECEA e FAA debatem os impactos da ionosfera para a operacionalização do GBAS no Brasil

publicado: 22/03/2018 15:54

 




No período de 19 a 23 de março de 2018, foi realizada a Segunda Reunião de Coordenação do Projeto de Cooperação Técnica entre o DECEA e a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA - Federal Aviation Administration) para pesquisas na ionosfera.

O encontro foi realizado no Subdepartamento de Operações (SDOP), do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), no Rio de Janeiro, e contou com representantes da Universidade de Stanford; da fabricante da estação GBAS – Honeywell; do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), responsável pela certificação do equipamento; pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Boeing.

Os especialistas, das áreas de navegação por satélites, certificação, análise de fenômenos ionosféricos e análise de risco, buscaram estabelecer parâmetros de operação e certificação para a aplicação da tecnologia GBAS (Ground Based Augmented System) no Brasil.

O acordo de cooperação prevê o monitoramento do comportamento da ionosfera, que traz impactos ao funcionamento do sistema e difere do desempenho do equipamento em países situados no Hemisfério Norte.

A ideia é que o GBAS, sistema de aproximação de precisão, permita operações similares aos do Sistema de Pouso por Instrumento - ILS Categoria I, cuja altura de decisão (mínima) é de 60 metros e visibilidade entre 800 e 550 metros.

Assim como o ILS, o GBAS torna possível aproximações em condições meteorológicas adversas. Sua função é melhorar a exatidão, continuidade e disponibilidade da informação dos dados enviados para as aeronaves pelos Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS, do inglês, Global Navigation Satellite Systems).

O desafio de entender o impacto das condições ionosféricas nos sistemas GNSS motivou a criação de um Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) dedicado ao tema, integrando instituições brasileiras de referência: INPE, Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Universidade Estadual Paulista (UNESP) e ICEA.

De acordo com o Capitão Engenheiro Leonardo Marini Pereira, da Subdivisão de Certificação do ICEA, o processo tem trazido amadurecimento ao Instituto. "Essa tem sido uma oportunidade única de trabalhar diretamente com alguns dos melhores especialistas em certificação da FAA", aponta.  

Por outro lado, o militar ressalta a importância do projeto para a área de pesquisa do ICEA. "O impacto da ionosfera nos sistemas GNSS embarcados é um assunto de enorme relevância, sobretudo nas regiões de baixas latitudes. Isso motivou o DECEA, em parceria com as principais instituições de pesquisa do mundo – como a Universidade de Stanford e de Boston, nos Estados Unidos, e o INPE – a dedicar esforços para pesquisar o assunto".

Entendendo fenômenos da natureza

Os estudos são necessários para analisar as particularidades da ionosfera a baixa latitude, localizada entre 60 km e 500 km de altitude, região caracterizada pela presença de cargas de íons e elétrons.

O principal distúrbio que pode interferir nos sinais é conhecido como irregularidade equatorial ou bolhas de plasma, que nada mais é do que o deslocamento das chamadas ‘bolhas’ de baixa ionização. A existência deste fenômeno na ionosfera pode provocar atrasos no sinal do satélite, gerando erro no cálculo da posição GPS.

A ionosfera apresenta comportamentos distintos em diferentes latitudes. A análise é pioneira, já que outras regiões onde o GBAS foi instalado são países de média latitude, ou seja, com características diferentes da América do Sul.

Cooperação técnica

Em julho de 2011, o DECEA fez a aquisição do primeiro equipamento do gênero no Brasil, com a finalidade de estudar os impactos do pico do ciclo solar sobre a estação. Foi definido um modelo que já estivesse em operação pelo mundo, em aeroportos da Europa, Estados Unidos e Austrália, a Estação SLS-4000 Smart Path GBAS.

Desenvolvido e comercializado pela empresa Honeywell, a estação GBAS foi instalada no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. Desde então vem sendo realizados testes utilizando as aeronaves-laboratório do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV).

Em 2015, foi assinado um memorando de cooperação entre DECEA e a FAA para realização de pesquisas e análise de dados dos distúrbios ionosféricos e seu efeito no desempenho do GBAS.

No ano passado, foi assinado um anexo a este memorando de cooperação técnica, que estabeleceu encontros entre especialistas da FAA e do Brasil para coleta, análise de dados ionosféricos, teste, avaliação e validação de dados com o objetivo de buscar a operacionalização da estação GBAS, no período de 2017 a 2021.


Assessoria de Comunicação Social do DECEA

Por Gisele Bastos
Fotos de Fábio Maciel