Notícias
DECEA divulga Reporte de Condição de Pista no Portal AISWEB
Dentre as muitas variáveis que garantem a segurança de uma operação – seja pilotar a aeronave, controlar um voo – está a comunicação. Informação é crucial para a manutenção da segurança.
Quem tem acesso à informação tem poder de escolha, tem condições para tomar decisões.
Assim, quanto maior foi a quantidade de dados, somados à qualidade e à fidelidade dos mesmos, melhor será. Segurança pede comunicação, precisão, confiança, acessibilidade e, no que diz respeito ao voo, pronta-resposta.
Desde o dia 20 de setembro, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), por meio da sua Assessoria de Transformação Digital (ATD), disponibiliza no site dos Serviços de Informações Aeronáuticas do Brasil - o AISWEB – o Reporte de Condição de Pista (RCR).
Trata-se da divulgação da condição da superfície da pista dos aeródromos, com o objetivo de identificar se há nelas algum elemento contaminante, como água, neve, lama, gelo ou geada, que possa provocar algum risco operacional para pousos e decolagens.
Este levantamento é feito ao analisar cada pista em três partes distintas e a avaliação é realizada por um operador aeroportuário.
Depois de analisar cada um dos três trechos da pista, a informação é transmitida ao Órgão de Serviço de Tráfego Aéreo que, por sua vez, transmitirá as condições ao piloto, por meio do Sistema Automático de Informação Terminal (ATIS).
O RCR é uma classificação preconizada pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) – presente no Doc. 9981 – voltada para indicação de uso de pista mediante análise das condições meteorológicas em um determinado aeródromo.
Estes dados meteorológicos são tratados pelo Grupo Regional de Aviação de Segurança – Pan America (RASG-PA) como “fatores de contaminação de pista, que podem vir a afetar a capacidade de frenagem e aceleração e, consequentemente, de controle de uma aeronave”.
Outra vantagem deste reporte é que as informações geradas são salvas em uma base de dados para poderem sem avaliadas e estudadas.
Aqui no Brasil, o projeto tem a coordenação geral da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), contando com a colaboração do DECEA para sua execução.
O período de testes do Reporte começou no dia 16 de setembro no Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba (PR), sendo este o projeto piloto.
A escolha deste aeroporto se deu por estar localizado na região sul do Brasil, onde as questões climáticas cooperam para as diferentes análises da pista; por ter um volume médio de tráfegos aéreos e por enfrentar condições adversas de meteorologia.
O Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II) está acompanhando todo o processo e prestando todo o suporte necessário e, de acordo com informações da Seção de Planejamento de Gerenciamento de Tráfego Aéreo (DPLN-1) do DECEA, ainda não há um cronograma de expansão deste recurso para outros aeroportos.
O trabalho realizado pelo CINDACTA II é um projeto piloto e o DECEA está avaliando e desenvolvendo os critérios, checando o impacto nas normas e avaliando diversos outros parâmetros. Após a coleta dos resultados, haverá um planejamento para uma implementação nacional.
Os objetivos desse projeto são validar as ferramentas e fluxos de informações e, também, gerar uma maior interação entre todos os players envolvidos na implementação desse normativo para, assim, poder trazer mais assertividade à novidade regulatória.
Treinamento é mesmo crucial para que os dados gerados sejam fidedignos. Desta maneira, este projeto piloto encontra-se na fase de capacitação dos ficais de pátio e controladores de tráfego para que possam, cada um dentro de suas responsabilidades, gerar e recepcionar as informações.
Segundo o chefe da ATD, João Ximenes, “O RCR é o primeiro produto do AISWEB cuja divulgação fica por conta do originador, sem a necessidade de outras validações para ser publicado. Isso é uma inovação importante, pois traz um maior dinamismo e permite criarmos outros produtos que também possam se aproveitar da agilidade desse processo”.
O Reporte pode ser acessado de duas maneiras:
- Clicando aba Aeródromos do menu principal do Portal AISWEB, onde o usuário tem acesso aos reportes, sendo o mais recente mostrado no topo da lista. Com o objetivo de facilitar ao Despachante Operacional de Voo (DOV) a visualização de novas informações, a coluna Atualização indica há quantas horas o reporte foi feito – os registros feitos a menos de 24 horas aparecem na cor verde.
- Acessando os dados na busca por aeródromo do ROTAER. Para os aeródromos que possuem essa informação (no momento só o de Curitiba), o RCR é mostrado à direita da tela.
Entendendo os dados
O Reporte RwyCC é uma sequência de três números com cores que correspondem à descrição da superfície da pista de acordo com os seguintes dados:
- 6 (verde): pista seca (DRY);
- 5 (azul): geada (FROST), molhada (WET), lama ou neve semiderretida (SLUSH), neve seca (DRY SNOW), neve úmida (WET SNOW) – até 3mm de profundidade;
- 4 (roxo): neve compactada (COMPACT SNOW);
- 3 (amarelo): pista molhada (WET), neve seca (DRY SNOW), neve úmida (WET SNOW) – mais de 3 mm de profundidade;
- 2 (alaranjado): água empoçada (STANDING WATER), neve semiderretida (SLUSH) – mais de 3 mm de profundidade;
- 1 (vermelho): gelo (ICE);
- 0 (preto): gelo úmido (WET ICE), água sobre neve compactada (WATER ON TOP OF COMPACTED SNOW), neve seca sobre gelo (DRY SNOW OR WET SNOW ON TOP OF ICE).
O Reporte de Ação de Frenagem (Report Braking Action - RBA) corresponde às seguintes classificações:
- Boa (GOOD): a desaceleração de frenagem é normal para o esforço de frenagem aplicado pelas rodas E o controle direcional é normal;
- Boa para médio (GOOD TO MEDIUM): a desaceleração de frenagem OU o controle direcional está entre Bom e Médio;
- Médio (MEDIUM): a desaceleração de frenagem é perceptivelmente reduzida para o esforço de frenagem aplicado pelas rodas OU o controle direcional é perceptivelmente reduzido;
- Médio para ruim (MEDIUM TO POOR): a desaceleração de frenagem OU o controle direcional estão entre perceptivelmente e significativamente reduzidos;
- Ruim (POOR): a desaceleração de frenagem é significantemente reduzida para o esforço de frenagem aplicado OU o controle direcional é significantemente reduzido;
- Menos do que ruim (LESS THAN POOR): a desaceleração de frenagem é mínima para o esforço de frenagem aplicado OU o controle direcional é incerto.
Assessoria de Comunicação Social do DECEA Texto: Telma Penteado – jornalista