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Controladores de Tráfego Aéreo testam nova circulação da Terminal São Paulo

publicado: 09/08/2019 14:56

 




Até que esteja pronto para ser implementado, um projeto leva em consideração várias fases de planejamento. Isto quer dizer que, até que um novo produto, uma nova carta aeronáutica ou uma nova aerovia esteja em operação há muito trabalho a ser feito, que envolve tecnologias, recursos humanos e testes operacionais.

Nas últimas semanas, foram concluídas importantes fases do projeto da Reestruturação da Área de Controle da Terminal São Paulo, o Projeto TMA São Paulo Neo, no Laboratório de Simulação (LABSIM) do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), em São José dos Campos (SP).

Entre os dias 22 a 26 de julho, controladores de tráfego aéreo (ATCO) de controle de aproximação (APP) de São Paulo, Curitiba, Brasília e Pirassununga estiveram no LABSIM fazendo a validação da Simulação em Tempo Real (STR), que seria executada na próxima semana.

Desde janeiro de 2018, o Subdepartamento de Operações do DECEA e o Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo (SRPV-SP) vem capitaneando ações do Projeto TMA SP Neo. Segundo o Coronel Aviador Anderson da Costa Turola, chefe do SRPV-SP, este é atualmente um dos principais projetos do DECEA, que vai reformular as rotas aéreas da maior e mais importante terminal do espaço aéreo brasileiro, que é a Terminal São Paulo.

O Coronel Turola explicou que o Projeto vem sendo desenvolvido com o apoio de diversos players: o DECEA no gerenciamento técnico, com importante participação das empresas aéreas: ABEAR (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) e IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos).

“Foram feitas pesquisas de opinião com os usuários da aviação regular e da aviação geral e, desta forma, foi feito um layout que remodelou toda a Terminal São Paulo”, completou o chefe do SRPV-SP.

Graças a participação destes players, apontou, o trabalho tem sido produtivo, com ganhos significativos tanto para a Terminal São Paulo quanto os setores adjacentes. “A Terminal do Rio de Janeiro vem sendo impactada positivamente, assim como o Centro de Controle de Área (ACC) de Brasília e de Curitiba, que também estão participando desta nova modelagem da Terminal São Paulo”, afirmou.

O Gerente do Projeto TMA SP Neo, Major Aviador Robson Laube Roque Moreira, esclareceu que este exercício era uma etapa prevista no Projeto para validação do conceito do espaço aéreo projetado e simulado de forma isolada em computadores, com a participação de controladores de tráfego aéreo habilitados em órgãos de controle.

Antes desta fase, chamada de Simulação em Tempo Real (STR), foi feito um prognóstico em um simulador de tempo acelerado para modelagem das rotas e dos aeroportos com o objetivo de identificar necessidades e possíveis melhorias.

Depois foi feita uma proposta de exercício utilizando tabelas e demais informações para a montagem de uma base de dados, elaborada por uma equipe de profissionais. Devido à complexidade do exercício foram necessários aproximadamente 35 dias úteis para ser concluído.

Na semana de 29 de julho a 2 de agosto, foi executado o exercício de simulação em tempo real propriamente dito, oportunidade ímpar para que os controladores participassem do processo com sugestões e, em caso de necessidade, fossem feitas modificações.

De acordo com o Gerente de Simulação (STR), o Primeiro Tenente Eliseu Cavalcanti de Albuquerque, da Subdivisão de Organização e Gerenciamento do Espaço Aéreo, do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), o objetivo do trabalho foi fazer a adaptação dos controladores à nova circulação.

A atividade foi iniciada com o lançamento das novas trajetórias dos exercícios validados. “Iniciamos a primeira simulação levando em consideração o novo cenário e as linhas que foram lançadas com algumas situações operacionais para que os controladores pudessem se adaptar não só a circulação em si, mas em contingências que pudessem ocorrer em função da operação real”, esclareceu o Tenente Cavalcanti.

O militar disse ainda que durante os exercícios observou que os ATCOS utilizaram menos comunicação e, como resultado, houve diminuição da carga de trabalho e consequente aumento de capacidade dos setores.

Major Moreira chamou atenção para a importância desta etapa porque foi utilizada toda a experiência e a habilidade dos ATCOs para auxiliar os elaboradores/planejadores do espaço aéreo no aperfeiçoamento da circulação aérea.

“Os resultados foram muito bons. Fizemos uma pesquisa de opinião com os controladores e tivemos uma resposta positiva na validação da Simulação em Tempo Real. Pudemos constatar que os melhoramentos implementados realmente trarão melhorias na circulação aérea da Terminal de São Paulo, proporcionando mais fluidez e maior volume de tráfego aéreo. Sempre pautados pelo principal item, que é a segurança operacional”, enfatizou o Coronel Turola.

Uma vez concluído este ciclo, parte-se para a produção de cartas de procedimentos de navegação aérea, previamente ajustadas pelos ATCOs. Em seguida, terá início um cronograma de treinamento, pelo qual passarão todos os controladores das áreas onde a circulação será alterada.

“Mesmo que esta capacitação comece seis meses antes da implementação, no primeiro dia de treinamento os controladores têm que exercitar a circulação já consolidada, pronta para ser efetivada”, completou o Major Moreira.

Visitas ilustres

No dia 31 de julho, os ATCOs receberam a visita de instrutores das torres de controle de Guarulhos, Congonhas e Campinas. Como estão participando do processo deste o início, puderam acompanhar o trabalho e também dar sugestões de melhorias, partindo do objetivo da Tomada de Decisão Colaborativa (CDM).

No dia seguinte, 1° de agosto, foi realizada a visita de alguns profissionais flight standard das companhias aéreas –pilotos responsáveis pela instrução, padronização e doutrina operacional das empresas aéreas.

“Como temos um conceito novo de aproximação que será aplicado na Terminal São Paulo, o Point Merge, existem alguns procedimentos previstos que os pilotos terão que seguir. Nós vamos trabalhar com os pilotos e as companhias aéreas na construção de uma doutrina operacional”, esclareceu o Major Moreira.

Em síntese, a proposta do Projeto TMA São Paulo Neo é a elaboração de um conceito do espaço aéreo na Terminal São Paulo, considerando os aeroportos de operação IFR (Regras de Voo por Instrumentos) de maior movimento como prioritários na definição das melhores trajetórias, aplicando, sempre que possível, os conceitos de navegação baseada em performance.

A previsão é de que a nova configuração da TMA São Paulo NEO entre em vigor a partir de setembro de 2020.

Assessoria de Comunicação Social do DECEA Texto: Gisele Bastos Fotos: André Moura