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Centro Integrado de Meteorologia Aeronáutica vai absorver os serviços de meteorologia aeronáutica e de defesa

A integração dos órgãos operacionais de Meteorologia Aeronáutica, a partir da ativação do CIMAER, proporcionará a otimização de recursos e o aumento da eficiência da prestação do serviço de Meteorologia Aeronáutica.


publicado: 05/02/2018 11:44

 




Com a crescente evolução tecnológica, os serviços relacionados com a meteorologia ao longo dos últimos anos vêm sofrendo uma radical transformação no seu processo de interação com a sociedade.

Cada vez mais, pessoas e grandes áreas da economia do País se tornam dependentes das informações meteorológicas para os seus planejamentos, seja diário ou, até mesmo, por grandes períodos. 

A Meteorologia Aeronáutica, que está voltada especificamente para as atividades aéreas com foco na segurança e a na economia, também sofreu grande transformação na sua forma de prestação de serviço, aliando diversos meios automatizados capazes de monitorar e analisar o tempo em toda a atmosfera terrestre de forma a permitir, gradualmente, prognósticos mais assertivos e pontuais.

A prestação do serviço de Meteorologia Aeronáutica é realizada por diversos Centros espalhados pelo País, resultando, por vezes, na redundância de pessoal, atividades e funções. Com a reestruturação do serviço de Meteorologia Aeronáutica, em consonância com a Diretriz do Comando da Aeronáutica - DCA 11-45, que trata da Concepção Estratégica – Força Aérea 100, e a DCA 11-53, referente a Reestruturação da Força Aérea Brasileira,  foi idealizado o Centro Integrado de Meteorologia Aeronáutica (CIMAER). A nova unidade militar estará subordinada ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e tornará possível a otimização de recursos e o aumento da eficiência na prestação do serviço para o apoio no gerenciamento de tráfego aéreo (ATM).

Alinhado às metas previstas para a adaptação à aviação do futuro, a Meteorologia Aeronáutica ganha grande destaque pela busca do fornecimento de informações meteorológicas precisas e oportunas, que contribuirão, sobremaneira, para a garantia da eficiência do Sistema ATM do futuro e sua fluidez em um cenário com expressivos aumentos da demanda pelo espaço aéreo e dos recursos aeroportuários.

Como funciona hoje
O Serviço de Meteorologia Aeronáutica no Brasil é de responsabilidade do Comando da Aeronáutica (COMAER), executado pelo DECEA, que conta com o apoio de uma Rede de Centros e Estações Meteorológicas de Superfície, Altitude e de Radares Meteorológicos, do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) e do Centro Nacional de Meteorologia Aeronáutica (CNMA).

As atividades de Meteorologia Aeronáutica, bem como a atual estrutura de Centros e Estações Meteorológicas do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), foram baseadas nas recomendações da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) e da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), data da década de 1970, apesar de atualizada regularmente. Apesar dos avanços tecnológicos ocorridos e a busca por maior eficiência dos serviços pelos usuários, o serviço de Meteorologia Aeronáutica mantém quase a mesma estrutura e modelo operacional por décadas.

Com os novos requisitos estabelecidos no Plano de Implantação do ATM Nacional, o DECEA, no que se refere ao gerenciamento e operação desta atividade, necessitou estabelecer novos processos de gerência e otimização de meios de forma a atender a essas novas demandas. Foi proposto, então, que os serviços prestados pelos principais Centros Meteorológicos fossem integrados e prestados por um único Centro com abrangência nacional, o CIMAER, que - por intermédio da Meteorologia de Defesa, deverá apoiar as  atividades de Defesa, especificamente voltadas à aviação militar.

As principais atividades relacionadas à Meteorologia Aeronáutica, no âmbito do SISCEAB, compreendem a Meteorologia Operacional, sendo a coleta, a geração e a divulgação de informações meteorológicas subsidiadas pelas Redes de Centros e Estações Meteorológicas e a Climatologia Aeronáutica.

 

A transição
O DECEA está iniciando o processo da absorção das atividades dos Centros Meteorológicos e da Climatologia Aeronáutica - ativando, em 31 de janeiro, o Núcleo do Centro Integrado de Meteorologia Aeronáutica (NuCIMAER), com sede na Ponta do Galeão, Rio de Janeiro, nas instalações da extinta Segunda Força Aérea (FAe2).

No dia 1º de fevereiro, as instalações do NuCIMAER foram visitadas pelo diretor-geral do DECEA, Tenente-Brigadeiro do Ar Jeferson Domingues de Freitas, que esteve acompanhado de comitiva de oficiais do DECEA e do CGNA. Na ocasião, o especialista em Meteorologia designado para chefiar o NuCIMAER, Tenente-Coronel P. Gomes, apresentou as atividades iniciais da implantação do Núcleo e das necessidades básicas primordiais de instalação.

O oficial citou, ainda, os incrementos da nova Unidade, como a melhoria na pronta resposta ao usuário com previsões mais precisas e harmônicas; e - principalmente, a melhoria na vigilância das condições meteorológicas do espaço aéreo brasileiro. 

Em seguida, expôs a estrutura básica do CIMAER, que tem, além das divisões operacional, administrativa e técnica, uma específica de pesquisa e desenvolvimento.  Sobre as ações futuras, o Tenente-Coronel P. Gomes falou do plano de gestão sustentável dos recursos energéticos, hídricos e de resíduos sólidos que será implementado, de acordo com o Plano de Logística Sustentável.

O NuCIMAER proverá as gestões administrativas e conduzirá as ações necessárias à implantação do futuro CIMAER, com previsão de inauguração para março de 2019. A nova organização prestará o serviço de Meteorologia Aeronáutica no âmbito do DECEA, com a finalidade de planejar, gerenciar, controlar e executar as atividades de Meteorologia Aeronáutica no Brasil.

As células de meteorologia destinadas a prover a interação entre o CIMAER e os órgãos de tráfego aéreo (Centros de Controle de Área - ACC; Centro de Operações Militares - COpM; Controles de Aproximação - APP; APP aglutinados “TRACON” e Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea - CGNA) deverão ser ativadas em 1º de outubro de 2018. 

A partir de março de 2019, deverá ocorrer a desativação dos Órgãos Operacionais de Meteorologia Aeronáutica absorvidos pelo CIMAER, sem prejuízo dos serviços prestados.

O diretor-geral do DECEA destacou vários aspectos positivos com a ativação do CIMAER, como a valorização e a oportunidade de aprimoramento da carreira do meteorologista, profissional importantíssimo para a navegação aérea, seja graduado ou oficial: "O meteorologista terá a oportunidade de compartilhar e trocar suas experiências num ambiente centralizado - além de oferecer um serviço confiável ao usuário".


A integração
A implementação do CIMAER contribuirá para a elevação do nível de integração com o gerenciamento de tráfego aéreo (ATM), permitindo o aperfeiçoamento da prestação do serviço de Meteorologia Aeronáutica e fornecendo produtos meteorológicos que sintetizem as restrições e impactos para a aviação.

Para o chefe do Subdepartamento de Operações do DECEA, o Brigadeiro do Ar Luiz Ricardo do Nascimento, esta evolução na prestação do serviço de Meteorologia Aeronáutica torna-se imperativa para a eficiência do sistema ATM do futuro: "As informações meteorológicas, de forma oportuna e precisa, contribuirão para a otimização de todo o Sistema, permitindo voos mais seguros e mais curtos, rotas aéreas otimizadas, menos emissão de CO², entre outros".

A estimativa é que a implementação do CIMAER permita eliminar redundâncias, atualmente desnecessárias, dos serviços causados pela descentralização dos órgãos operacionais de meteorologia, além de proporcionar, em nível nacional, a harmonização das previsões e o contínuo acompanhamento na evolução dos fenômenos meteorológicos adversos que impactam a aviação.

Com a operação centralizada dos radares meteorológicos será possível estabelecer estratégias de operação de maior complexidade, adequadas às condições de tempo, visando ao monitoramento de áreas no extenso território nacional que requeiram maior atenção devido às condições meteorológicas adversas. Dessa forma, proporcionará o acesso centralizado a todas as informações colhidas pela Rede de Radares Meteorológicos do SISCEAB, em tempo real, permitindo a confecção e o envio de produtos com áreas de alertas distintas, a exemplo de produtos como: ocorrência de gelo,  turbulência, direção e velocidade de deslocamento e intensidade das formações.

A integração dos órgãos operacionais de Meteorologia Aeronáutica, a partir da ativação do CIMAER, proporcionará a otimização de recursos e o aumento da eficiência da prestação do serviço de Meteorologia Aeronáutica.

 

Reportagem: Daisy Meireles
Fotos: Luiz Eduardo Perez Batista