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Bacia de Campos se prepara para adotar o Sistema ADS-B

Uma das funções do DECEA, em parceria com a Petrobras e a Infraero, é identificar as atividades de cunho técnico que precisam ser realizadas, como a manutenção e o treinamento da equipe de todos os sistemas que foram implantados naquela região.


publicado: 13/07/2018 16:00

 




Um trabalho importante e indispensável para o empreendimento Melhoria dos Serviços de Navegação Aérea nas Bacias Petrolíferas (PFF 008), integrante do Programa SIRIUS Brasil, é a identificação dos perigos decorrentes de sua implementação, a análise e a classificação dos riscos consequentes e o estabelecimento de medidas mitigadoras para que tais riscos sejam mantidos dentro dos níveis de segurança operacional aceitáveis.

"O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) está começando esse trabalho pela Bacia de Campos, que tem hoje maior movimento de tráfego de helicópteros. Nessa área está sendo aprimorado o serviço de vigilância ATS, por intermédio da implantação da vigilância dependente automática por radiodifusão, o ADS-B,  que ampliará a cobertura da vigilância ATS e  permitirá a identificação de aeronaves em áreas onde a cobertura radar não é possível, neste caso em áreas oceânicas remotas" - relatou o especialista em Comunicações, o 1º Tenente Marcelo Mello Fagundes, gerente do projeto ADS-B.

 

Na semana de 23 a 29 de junho, um Grupo de Trabalho (GT) se reuniu no Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) para discutir essas questões. Estavam presentes representantes do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), do Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II), da Marinha do Brasil, da Empresa Brasileira de Petróleo S/A (Petrobras), da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e de empresas aéreas.

Toda mudança significativa precisa ser precedida de um estudo dos riscos que essa alteração pode gerar.  Em cima desses riscos detectados, adotam-se medidas mitigadoras, que vão tornar essa mudança factível.  Para tanto, está sendo elaborado o DGRSO (Documento de Gerenciamento de Risco da Segurança Operacional), tornando-os menos impactantes tanto para o empreendimento quanto para o usuário e os profissionais envolvidos na implementação.

A Asssessoria de Segurança Operacional no Controle do Espaço Aéreo (ASEGCEA) esteve representada pelo Tenente da Reserva Enídeio Arestides dos Santos. Sua participação no GT foi fundamental e reconhecida por todos os componentes, pois foi o principal articulador das tarefas que identificaram e trataram, de forma eficaz, os perigos identificados no DGRSO.
No GT, o CINDACTA II, que atua como elo do DECEA, é responsável por homologar e vistoriar todas as implementações, tais como as de sistemas de VHF, de Estações Meteorológicas Automáticas e do sistema ADS-B.
O CINDACTA II participou da reestruturação do espaço aéreo da Terminal Macaé, da criação de rotas, de novas regras de circulação aérea e da elaboração de uma Circular de Informação Aeronáutica (AIC).
A presença de representante das empresas aéreas no GT é importante para que os pilotos tenham a visão do que está sendo decidido para a validação desse empreendimento. "Seria ideal que as empresas aéreas tivessem maior participação nessas reuniões. É importante que haja, também, mais adesão de pilotos", observou o Major Robson Carlos Pereira da Silva, especialista em controle de tráfego aéreo e coordenador da PFF 008.
Para isso, está sendo idealizado um projeto de divulgação do sistema ADS-B em vídeos sobre a sua implementação na Bacia de Campos, direcionado para pilotos que voam naquela área. Outra ação do DECEA é promover um workshop em Macaé, previsto para outubro deste ano,  voltado para pilotos de empresas aéreas - com o intuito de conhecerem o processo de  operacionalização da PFF 008.
A partir desse empreendimento, o DECEA prestará um serviço muito mais eficiente no que diz respeito à segurança operacional, porque haverá cobertura de VHF estendida e visualização dos tráfegos em evolução. Com tais recursos, o serviço de tráfego aéreo na Bacia de Campos elevará ainda mais os níveis de segurança operacional daquela região.
O empreendimento envolve não só a Força Aérea Brasileira, mas também a Marinha do Brasil, a Petrobras, a Infraero, as empresas aéreas, os controladores de tráfego aéreo civis da Torre e do Controle de Aproximação de Macaé (APP-ME) e, para conduzi-lo, requer uma ação diferenciada.  Há um envolvimento muito intenso das partes interessadas no projeto nesse GT.
O engenheiro Leonardo Paiva, que trabalha com radar e auxílios,  falou da participação da CISCEA no GT: "É o nosso primeiro projeto com ADS-B no Brasil e a expectativa é grande. Estamos ansiosos para disponibilizar o sistema para uso operacional. Essa relação envolve vários stakeholders,  não só do DECEA/CISCEA/CINDACTA II – organizações militares do Comando da Aeronáutica, mas também de empresas que operam na Bacia de Campos. É um sistema que auxiliará o controle de tráfego aéreo em operações offshore.  Enfim, vem  para contribuir com o controle de tráfego aéreo na região, complementando o sistema de vigilância por radar já existente em Macaé. O DECEA está proporcionando uma tecnologia que vai aprimorar o serviço de vigilância naquela região" - ressalta o engenheiro.
Uma das funções do DECEA, em parceria com a Petrobras e a Infraero, é identificar as atividades de cunho técnico que precisam ser executadas, como o treinamento das equipes para a manutenção de todos os sistemas que foram implantados naquela região.
O engenheiro Paulo Cesar Alves de Assis, que atua no Subdepartamento Técnico do DECEA, destacou que os novos sistemas de vigilância ADS-B, assim como os demais implantados, necessitam de processos de manutenção diferenciados naquele ambiente: "A importância desse projeto é estabelecê-lo, também, como uma prova de conceito, uma vez que permitirá a identificação das melhores práticas em termos da prestação de serviço e a consolidação das novas tecnologias utilizadas, concedendo a aplicação das mesmas em todo o território nacional".
Quanto aos importantes aspectos técnicos em questão, percebe-se uma disposição destacada da Infraero, da Petrobras e do DECEA, pela compreensão da complexidade dessa implantação do ADS-B, disponibilizando suas equipes a participarem de atividades como este GT.
"Esses stakeholders continuarão debruçados sobre o projeto, procurando definir detalhes que permitam uma operação eficiente e eficaz. Na prática, o termo de compromisso entre estes três órgãos precisa contar, efetivamente, com a dedicação e a compreensão das pessoas envolvidas com a importância que isso vai trazer para a segurança operacional. E esse é um ponto muito relevante a se destacar: as pessoas estão muito engajadas e isso é o que realmente está fazendo com que o projeto ganhe cada vez mais importância no contexto daquela região e para o Brasil como um todo" - reflete Paulo Assis.
O gerente de segurança operacional da Infraero, Luiz Xavier, informou que novos setores vão absorver as estações prestadoras de serviços de telecomunicações e de tráfego aéreo (EPTAs) da Bacia de  Campos para o APP-ME.  "Para isso, estamos treinando nosso pessoal, que faz parte do gerenciamento de risco que estamos trabalhando agora. Nossa ideia é, antes de implantar, saber tudo o que pode ocorrer e praticar as ações mitigadoras necessárias para atuar com segurança dentro de um nível aceitável operacional", afirmou.
Estael Crato Mendes, psicóloga da Infraero, trabalha no GT como especialista em fatores humanos e dedica-se a verificar as variáveis que possam interferir no projeto da Bacia de Campos, como a carga de trabalho do efetivo e a capacitação dos controladores de Macaé.
Rafael Fábio Amorim é coordenador do APP-ME e está acompanhando o efetivo de controladores de tráfego aéreo em treinamento durante quatro semanas no Laboratório de Simulação (LABSIM) do ICEA. A equipe foi dividida em quatro turmas, sempre com seis controladores e mais três instrutores na console. Outros pilotos e instrutores ficam em um ambiente integrado e passam a semana fazendo cinco exercícios. Dentre estes, treinam todas as situações que estarão em vigor a partir de novembro deste ano, na nova fase do empreendimento na Bacia de Campos.
No total são 53 controladores treinados em duas fases. A primeira se iniciou em novembro de 2017. "Todo o efetivo estará pronto para o novo ambiente operacional. No primeiro treinamento foram os controladores do APP se ambientando à nova circulação. Agora estão no treinamento simulado e, em seguida, iniciarão o estágio prático em Macaé, com previsão de formação para setembro. Vamos mudar de dois setores operacionais para oito e o efetivo de 28 operadores vai aumentar, tudo nessa nova configuração, que tem prazo para concretização em novembro", relatou Amorim.
O coordenador técnico de aviação da Petrobras, Thiago Silva Hermeto, acha de suma importância a participação da empresa no GT. Isso porque preza, além da redução do custo, pelo aumento da segurança operacional. "Estamos orgulhosos de fazer parte de um projeto pioneiro no Brasil no segmento de ADS-B. Estamos inseridos em três subprojetos, que são o ADS-B, o VHF e as estações meteorológicas. O serviço de navegação aérea vai ter uma segurança maior e, com isso, nossa força de trabalho terá ainda mais confiança no sistema", declarou.
No final da reunião foram identificados todos os possíveis perigos que possam ocorrer com esse novo cenário. "Caso houvesse alguma situação que tornasse esse empreendimento inaceitável, o projeto seria suspenso, até que uma solução fosse encontrada. Então, após detectados os perigos, foram determinadas as ações para evitar que esses riscos se tornem inaceitáveis para o empreendimento" - finalizou o Major Robson.​
 

Reportagem: Daisy Meireles (RJ 21523 JP) - daisydsm@decea.gov.br

Fotos: S2 SSG Alencar (ICEA- alencarlsa@icea.gov.br