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Novos pilotos inspetores são incorporados ao Grupo Especial de Inspeção em Voo

publicado: 13/11/2018 14:26

 




A palavra acuracidade quer dizer precisão, exatidão de dados e informações e, por consequência, ausência de erros. O termo traduz com fidelidade a natureza e importância do trabalho realizado pelo Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV). A nobre missão desta organização militar é a de inspecionar sistemas, auxílios e procedimentos de navegação aérea.

No último dia 9 novembro, foram diplomados os novos pilotos inspetores e operadores de sistema de inspeção em voo durante a realização do simpósio de inspeção em voo de 2018. O evento, que teve início no dia 7, foi realizado no Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), em São José dos Campos (SP).

O primeiro dia de programação reuniu pilotos inspetores da velha guarda e da nova geração para a passagem simbólica do cargo de comandante do GEIV, do Tenente Coronel Aviador Mauro Carrinho de Moura, para o piloto inspetor n° 13, Major Brigadeiro do Ar Rfm Mayron dos Santos Pereira, mais antigo em data de formação presente a reunião.

Na passagem de bastão, o Tenente Coronel Mauro deu as boas-vindas e concitou os presentes a manter a tradição do encontro, uma oportunidade ímpar de rever amigos e de ouvir e contar histórias, sem deixar de reconhecer o trabalho desempenhado pelo GEIV no passado.

Ao assumir simbolicamente, o Major Brigadeiro Mayron destacou sua emoção e o valor especial da organização em sua vida. Também falou sobre o seu desejo de compartilhar com outras pessoas as histórias dos primórdios da inspeção em voo. Uma delas, de quando era piloto inspetor na década de 70, quando foi escalado para uma missão de aferição de um VOR no aeroporto de Santarém (PA), que acabara de ser construído.

Naquela época, a Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Voo (DEPV, hoje DECEA) decidiu que o aeroporto receberia um VOR portátil, que estava pronto para ser inspecionado. No entanto, o local onde foi posicionado o auxílio, a seis milhas da cabeceira da pista, era uma área do terreno na qual havia uma depressão e, por esta razão, ambiente pouco indicado para mantê-lo. Em suas palavras: “teria um péssimo resultado”.

O oficial general percebeu que havia um lugar, um pouco afastado do eixo da pista do lado direito de quem faz a aproximação, que era perfeito para instalação do VOR. Mas a área estava coberta por vegetação de cerrado e para que equipamento fosse transferido para este local, o terreno precisava ser limpo. Então, o Major Mayron procurou o responsável pela obra do aeroporto e conseguiu convencê-lo da necessidade de apoio.

“Informei a ele que não seria possível o pouso por instrumentos, o que era uma pena porque o aeroporto havia sido recém-construído”, explicou. Quando o responsável pela obra, um militar da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA), entendeu que o local inicial traria a subutilização do aeroporto, tratou de empreender todos os esforços para que a área fosse capinada e, posteriormente, acomodasse o VOR. O equipamento está instalado neste local até hoje.

Capacitação e atualização

O segundo dia foi dedicado as palestras, que trouxeram informações atualizadas sobre a atividade. O Major Aviador Bruno Michel Marcondes Alves, chefe da Divisão de Operações do GEIV, falou sobre os projetos de modernização das aeronaves I-X, IU 93M e I-X2.

Em sua palestra, informou que estão sendo feito os voos de certificação junto ao Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), do painel atualizado do Hawker 800XP. A primeira etapa aconteceu no dia 7 de novembro, no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. Após receber a certificação da Federal Aviation Adminstration (FAA), em uma segunda etapa, o avião deverá ser entregue ao GEIV na última semana de novembro.

Em seguida, o professor da Universidade de Brasília, Lucas Borges de Monteiro, fez uma apresentação sobre o projeto Datacard, que prevê o desenvolvimento de um sistema inteligente de gestão e distribuição de procedimentos de navegação aérea digitais para a inspeção em voo no Brasil (software, modelo de negócio e adoção de padrões AIXM e ARINC para troca de dados).

O Datacard será um dispositivo portátil de armazenamento de dados utilizado para carregar o sistema de bordo da aeronave, com as informações necessárias para a realização de perfil de voo de forma automática.

O projeto envolve ainda o DECEA, órgão central do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), o Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA) e o ICEA, responsável pela pesquisa operacional, desenvolvimento tecnológico, certificação e capacitação.

As palestras subsequentes foram ministradas pelo Capitão Especialista em Comunicações, Sérgio Marcos da Rocha Corrêa, e versaram sobre os parâmetros de operação da atividade de inspeção em voo e radiomonitoragem e, ainda, calibração de filtros de receptores para a inspeção em voo.

Para finalizar o ciclo de palestras, Erik Togersen, da empresa Norwegian Special Mission, falou sobre a utilização de receptores em aeronaves remotamente pilotadas (RPA) para inspeção em voo. Na palestra, demonstrou a experiência da empresa com medição e vigilância utilizando drones, uma tecnologia que vem ganhando espaço e adeptos em todo o mundo.

Para o Major Brigadeiro do Ar Rfm Álvaro Luiz Pinheiro da Costa é importantíssimo conhecer o status da inspeção em voo e as novas tecnologias. “Tenho uma curiosidade enorme e sempre venho para conhecer as novidades. Em termos de instituição é essencial preservar este contato dos novos com os antigos pilotos inspetores para conhecer a realidade da inspeção em voo antes e agora. Acho essencial para o crescimento de todos”, opinou o Major Brigadeiro Pinheiro.

Entrega de certificados

Na diplomação, a cerimônia foi presidida pelo Diretor-Geral do DECEA, Tenente-Brigadeiro do Ar Jeferson Domingues de Freitas, que em seu discurso cumprimentou os novos pilotos inspetores e operadores pela jornada de três anos de dedicação até a conclusão do curso.

“Não pensem que acabou, agora é que começa o grande trabalho de inspeção. Os senhores têm a responsabilidade de representar este grupo, que tem reconhecimento nacional pelo trabalho que faz, mas extrapola as fronteiras do nosso País. Os senhores têm que manter a qualidade e buscar o crescimento da nossa organização”, aconselhou.

A solenidade marca um momento ímpar na formação dos novos pilotos inspetores, principalmente pelo tempo necessário a conclusão do curso, que tem a duração mínima de três anos. O primeiro a ser realizado é o Curso Básico de Inspeção em Voo, onde piloto começa a entender os parâmetros e perfis de voo necessários para execução da inspeção propriamente dita. Concluída a parte teórica, tem início a fase prática, onde o aprendiz tem que cumprir um número de horas que o capacita a fazer a próxima etapa.

Na segunda fase, geralmente no ano seguinte, é feito o Curso Especializado em Inspeção em Voo, onde o aluno tem contato com o manual de inspeção em voo. A partir desta preparação, o militar começa a preencher as fichas preparatórias de voo. Depois de cumprir carga horária neste ciclo, o candidato passa por um conselho, presidido pelo Chefe do Subdepartamento de Operações, onde é avaliado o seu desempenho. Uma vez aprovado, tem início o último estágio, em São José dos Campos, que também mescla teoria e prática.

Os militares que se formaram em 2018 foram:

Pilotos inspetores
Capitão Aviador Jair Vinícius Romano
Capitão Aviador Rodrigo Gonzalez Martins de Magalhães
Capitão Aviador Jean Pierre de Castro Benevides

Operadores de Sistema de Inspeção em Voo
2º Ten QOEA COM Ricardo Alexandre Aguiar da Fonseca
3º Sgt BCO Mariana Rodrigues Da Silva
3º Sgt BCO Pâmella Ariella Queiros Guiguer
3º Sgt BCO Luiz Victor Pontes Demétrio
3º Sgt BCO Juan Costa Silveira

Após receberem os certificados, foi feita uma homenagem ao primeiro colocado do curso de inspeção em voo, concedido ao Capitão Aviador Jean Pierre de Castro Benevides, que obteve a média de 9,78.

Em suas palavras, o Capitão Benevides, também representante da turma, contou um pouco sobre sua experiência ao chegar no GEIV, em 2016. “Confesso que não fazia ideia da nobre missão realizada pelo Grupo e sua importância para o País”, disse.

O primeiro colocado mencionou ainda como foi sua formação nos últimos três anos, primeiro aprendendo o básico da inspeção em voo, depois, começando a ter conhecimento sobre os auxílios à navegação e a fase de voo, para por fim, descobrir na parte teórica o que é “o efeito doppler no DVOR, a equação radar e, na parte prática, os desafios dos voos no perfil de homologação”.

Ao finalizar disse: “É com muito orgulho que, em nome desta turma, afirmo que estamos prontos para servir a sociedade, garantindo a qualidade e a segurança dos serviços prestados pelo DECEA”.

Durante a cerimônia foi entregue ainda o prêmio Omnisys, concedido em reconhecimento do mérito dos que se destacaram no estudo de aplicações tecnológicas avançadas, contribuindo para a contínua formação de profissionais qualificados do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro.

Por fim, foi concedido o título de piloto inspetor honorário ao Chefe do Subdepartamento de Operações (SDOP), Brigadeiro do Ar Ary Rodrigues Bertolino, e ao Chefe do Subdepartamento de Administração (SDAD), Brigadeiro do Ar Sérgio Rodrigues Pereira Bastos Junior.

“Para mim, como chefe do SDOP é uma grande honra ser agraciado como piloto honorário do GEIV, esta grande organização que cuida dos nossos céus fazendo a calibração dos auxílios do espaço aéreo brasileiro. Como não tive a oportunidade de voar pelo GEIV, receber esta honraria é um momento de muita emoção que será lembrado para o resto da minha vida”, declarou o Brigadeiro Bertolino.

Finalizada a cerimônia, foi realizado o tradicional brinde do 1020, no qual são lembrados os pilotos inspetores que já partiram e todos os presentes brindam a atividade de inspeção em voo.

“É um evento em que reunimos a diplomação de novos pilotos inspetores e o simpósio de inspeção em voo e damos a oportunidade de encontro dos novos integrantes com aqueles que deram origem à inspeção em voo. Temos participantes que foram os pioneiros da atividade no Brasil”, esclareceu o Tenente Coronel Mauro.

O comandante do GEIV enfatizou ainda que no início da inspeção em voo, na década de 50, não haviam as facilidades atuais e por esta razão é essencial manter a memória viva. “A partir do momento que deixarmos de realizar isto, estaremos deixando de lado uma história muito rica para aqueles que vão nos suceder e continuar este trabalho”, completou.

Assessoria de Comunicação Social do DECEA
Reportagem: Gisele Bastos – jornalista
Fotos: Seção de Comunicação Social ICEA