Departamento de
Controle do Espaço Aéreo

Alunos das escolas de Ensino Fundamental (do 5º ao 9º ano) e Médio de Vilhena, município de Rondônia, agora têm conhecimento de como ingressar na Força Aérea Militar e seguir uma carreira promissora.

Isso porque o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) sugeriu aos Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) uma campanha de divulgação da carreira militar na Força Aérea Brasileira (FAB) - que está em sua terceira edição. Coordenado pelo Subdepartamento de Administração (SDAD), o projeto tem o apoio da Assessoria de Comunicação Social (ASCOM), que preparou um manual de divulgação em power point e um guia com sugestões de tópicos para cada slide da apresentação.

Além de divulgar as atividades da FAB e do DECEA, a campanha tem o objetivo de conquistar admiradores para um futuro recrutamento de candidatos ao exercício da profissão militar na FAB.

No projeto está previsto que os militares façam contatos com as escolas para agendar palestras. Na apresentação, eles explicam o motivo da visita, exibem o vídeo promocional e se oferecem para tirar dúvidas dos alunos, principalmente sobre o ingresso em escolas da FAB. O vídeo "Carreira Militar" é, então, ofertado à biblioteca das escolas e, durante a visita, os militares divulgam os sites e redes sociais da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), da Academia da Força Aérea (AFA), da Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAR), do DECEA e da FAB.

A semente vem sendo plantada por militares do Destacamento de Aeronáutica (DESTAE) de Vilhena - ligado à ALA 6 (Porto Velho) há dois anos. Nesta edição, o Suboficial SBO Alexandre Fernandes Peçanha e o Soldado de Primeira Classe SAD Ackton Stivi Cândido Stevanelli foram os divulgadores.

Foram alcançados, até meados de abril, mais de 1.300 alunos da rede pública municipal e 70 soldados do Exército Brasileiro:

Associação Agente Mirim da Polícia Militar – 100 alunos

Escola Municipal de Ensino Fundamental Cristo Rei – 200 alunos

Escola Estadual de Ensino Fundamental Marechal Rondon – 400 alunos

Colégio Tiradentes da Polícia Militar - 600 alunos

Tiro de Guerra do Exército Brasileiro – 70 soldados

Durante as palestras, as experiências do Suboficial Peçanha, que já foi da Comissão de Desportos da Aeronáutica (CDA), e do Soldado Stevanelli na FAB foram compartilhadas com os alunos, motivando ainda mais o interesse dos adolescentes em seguir a carreira militar.

O Suboficial Peçanha quando recebeu a missão do comandante do DTCEA-VH, Capitão Especialista em Comunicações Davy Andersson de Andrade, fez uns ajustes na apresentação para o seu perfil didático. "Já fiz a campanha no ano passado. Este é o meu terceiro ano servindo em Vilhena e vi que aqui na cidade não há curso preparatório. Tenho conhecimento de um rapaz que passou para a EPCAR, mas estudou em Porto Velho. Ele já está no segundo ano da Escola".

A Guarda Mirim foi o que mais tocou o coração do Soldado Stevanelli. "Todos os adolescentes estavam motivados com a nossa visita e cheios de esperança!" - declara o militar.

"Vi os olhos brilhando na Guarda Mirim, estavam vibrando com tudo o que falávamos. Expliquei como se estuda para concurso nas grandes capitais e mostrei que aqui em Vilhena eles encontram dificuldade, pois não há curso preparatório nem existe essa cultura, eles estudam em cima da hora. E eu alertei para a necessidade de se estudar com muita antecedência" - declarou o Suboficial.

Dos exemplos de dedicação aos estudos em Vilhena, o suboficial Peçanha conta sobre a experiência do ex-Cabo Wilton, da Aeronáutica, que passou no concurso para a Polícia Rodoviária Federal. "Outro, que teve sucesso, foi o Cabo Peixoto, que ainda como aluno do nono período da faculdade de Direito, passou na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)", conta o militar.

Segundo o suboficial, todos os cursos preparatórios que se aventuraram em Vilhena não vingaram. "Minha ideia, meu sonho pessoal, quando eu for para a reserva, é criar um curso preparatório sem fins lucrativos. É o meu projeto de vida. Tive muita dificuldade para passar, meu pai era torneiro mecânico e minha mãe era do lar. Meu irmão, dois anos mais velho, hoje é o Pró-Reitor de Extensão e Cooperação da Universidade da Força Aérea (UNIFA), o Coronel Aviador André Gustavo Fernandes Peçanha. Quem pagou o curso preparatório para ele foi a sua madrinha. Quando chegou a minha vez de estudar, meu pai pagou o curso, direcionado para a EEAR - Escola de Especialistas da Aeronáutica" - conta Peçanha a sua história e o seu plano pós-aposentadoria.

Ele assistia às aulas em todos os turnos, reprisando as matérias, até aprender. Mas não foi tão fácil. Mesmo assim, mais do que preparado, ele prestou o concurso três vezes seguidas, até conseguir classificação.

O Capitão Andrade reconhece que os militares dados do Destacamento são esforçados e estudiosos, pois a maioria já tem ou está cursando nível superior. "Aqui o pessoal gosta de estudar. O nível dos soldados em Vilhena é excelente. Eles procuram estudar para melhorar a qualidade de vida", admite o comandante do DTCEA-VH.

Uma das instituições visitadas, a Associação Agente Mirim foi criada em 1991, no intuito de oferecer aos jovens uma formação complementar pautada nos princípios da disciplina e da cidadania. Ao ingressar na instituição, os jovens entre 12 e 17 anos passam pelo curso de formação básica Agente Mirim com duração de 09 meses. Nesse período são abordados temas como hierarquia, disciplina militar, cidadania e civismo, moral e ética, prevenção de acidentes domésticos, primeiros socorros, ordem unida militar, deontologia, higiene pessoal, noções gerais de direito, orientação vocacional, entre outras. Após esse período de curso de formação, os Agentes Mirins têm a opção de continuar na instituição até completarem 17 anos, período em que estarão envolvidos na prática de esportes, e outras atividades.

Os Agentes Mirins também concorrem à hierarquia interna, podendo conquistar os diversos níveis de graduações que se estende de soldado até a patente de coronel Agente Mirim tendo como quesitos de avaliação a disciplina e participação nas atividades, comportamento social e doméstico e desempenho escolar. A Instituição Guarda Mirim de Vilhena tem apresentado resultados positivos em termos de amparo e promoção social do menor no Município desde a sua fundação. Tem tirado da marginalidade social e promovido crianças e adolescentes, porque prioriza como princípios básicos fundamentais: saúde, educação e música.

Nessa instituição, destacamos três adolescentes que se interessam com afinco pela carreira militar: David Zenki Leal, de 16 anos, aluno do 1º ano do ensino médio da Escola Estadual Shirlei Ceruti; Isabelly Brasieski Coelho, 15 anos, que cursa o 1º ano do ensino médio na Escola Estadual Álvares de Azevedo; Paula Vitória da Silva Oliveira, 18 anos, estudante do 3º ano do ensino médio, também da Escola Estadual Álvares de Azevedo. Todos os três querem ser aviadores da Força Aérea Brasileira.

Paula conta emocionada a visita da FAB na Guarda Mirim. "Quando o Suboficial disse na palestra que estava plantando uma sementinha no nosso coração, eu disse a ele que a sementinha já estava plantada. E que eu já era uma árvore. Isso porque eu sempre quis ser militar da Aeronáutica. É meu sonho desde criança". A adolescente vai prestar concurso para a EPCAR ainda neste ano. O encantamento e a vibração dos três alunos foram arrebatadores, vi lágrimas nos olhos e mãos trêmulas durante a entrevista e muita alegria. Foi emocionante a entrevista e, daí, percebi que esse é o resultado positivo e motivador que desejamos, e que os militares que participam dessa campanha em todos os cantos do Brasil recebem como recompensa pelo trabalho voluntário.

Os outros dois estudantes, Isabelly e David, prometeram dedicação total aos estudos para, daqui a um ou dois anos, prestarem concurso para a FAB. Durante a entrevista, solicitam material para conhecer melhor as Escolas da FAB e o DECEA. O que será feito.

Outra organização alcançada pela divulgação da carreira militar foi o Tiro de Guerra, que  funciona em cidades onde não há nenhuma Unidade Militar do Exército Brasileiro, sediada ou vizinha. É uma experiência brasileira vigente desde o início do século XX, e é um Órgão de Formação de Reserva que possibilita a prestação do Serviço Militar Inicial no município sede dos convocados, de modo a atender à instrução, conciliando o trabalho e o estudo do cidadão. As atividades ocorrem de segunda-feira a sexta-feira, no horário das 6h às 8h. Os atiradores recebem instruções básicas de caráter tipicamente militar e ainda noções de Defesa Civil, Ação Comunitária e Meio Ambiente, além de incentivo a participar dos problemas e necessidades da comunidade.

Já o Colégio Tiradentes da Polícia Militar, instituído mediante um projeto de gestão compartilhada, tem como Entidade Mantenedora o Governo do Estado de Rondônia, em parceria com as Secretarias de Estado de Educação e da Segurança e Defesa e Cidadania. Tem participação direta do 3º Batalhão de Polícia Militar de Vilhena. Suas atividades foram iniciadas em 2017 no município. Atualmente o Colégio Tiradentes atende 1.162 alunos dos ensinos fundamental e médio.

A intenção do DTCEA-VH é alcançar mais 16 escolas até o final do ano, a pedido do próprio Secretário de Educação. Estão programadas visitas às Escolas Municipais de Ensino Fundamental Maria Paulina e Progresso, ambas somando 200 alunos da área rural de Vilhena. "São as escolas mais importantes, porque são crianças e adolescentes que trabalham na roça de dia e estudam à tarde. À noite, quem sabe, devem estudar em casa com dificuldade, e isso me comove!" - relata o Suboficial Peçanha.

A Prefeitura Municipal de Vilhena em feito a divulgação das palestras no site e nas redes sociais.  "Tem gente até me reconhecendo na rua, estou ficando famoso!" - brinca o Suboficial Peçanha, informando que até o final do ano, a meta é alcançar mais 16 escolas municipais de Vilhena, a pedido da própria Secretaria Municipal de Educação.

Reportagem: Daisy Meireles

Fotos: SO Peçanha/S1 Stevanelli/Daisy Meireles