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Artigo: DECEA: ADS-B Satelital
Um projeto de grande relevância é a implementação da ADS-B terrestre no espaço aéreo superior sobrejacente ao continente e nas principais áreas de controle das terminais (TMA) do País. Esse projeto está em desenvolvimento e estima-se que sua implementação ocorra até o final de 2022.
Contudo, o avanço nas possibilidades de provisão da ADS-B revelou uma solução alternativa, a vigilância aeronáutica baseada em mídia via satélite, mais conhecida como ADS-B por satélite. Nesse cenário, são utilizados satélites de baixa órbita (LEO) da rede IRIDIUM para a recepção de dados ADS-B de aeronaves, processados para posterior entrega aos prestadores de serviço de navegação aérea (ANSP).
Acordo de Cooperação DECEA - AIREON
Conectado à constante evolução tecnológica e disponibilidade de novos produtos e serviços no mercado, o DECEA firmou com a empresa AIREON LLC, em maio de 2019, um Acordo de Cooperação Técnica e Operacional, sem custos, para coleta e análise de dados de vigilância de aeronaves que utilizam o espaço aéreo sob responsabilidade do Departamento e avaliação mais aprofundada quanto às vantagens e desvantagens da ADS-B satelital.
Plano de Trabalho
A avaliação do desempenho da SB ADS-B aplicada ao espaço aéreo brasileiro consistirá em duas fases: para a fase 1, a AIREON fornecerá o rastreamento de aeronaves durante o período de teste planejado nas áreas de interesse definidas pelo DECEA. A fase 2 consiste na coleta e disponibilização de dados, em tempo real, de aeronaves equipadas com o ADS-B e voando em áreas e trajetórias específicas utilizando-se um servidor de rede virtual privada (VPN) conectado à Internet.
Nesta última etapa os dados baseados no espaço (SB) ADS-B estão integrados ao sistema de controle de tráfego aéreo (ATC) do DECEA, juntamente com outras fontes de vigilância com infraestrutura terrestre, em ambiente laboratorial controlado, não operacional. Especificamente para o voo realizado no espaço aéreo remoto da Bacia de Campos, será possível a comparação dos dados dos sistemas de gerenciamento de voos (FMS - flight management system) das aeronaves laboratórios com os dados de vigilância recebidos pelo Controle de Aproximação Macaé (APP-ME) e pelo parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro (PAME-RJ) para avaliação, dentre outros, da acuracidade comparativa Radar Secundário x ADS-B satelital e ADS-B Terrestre x ADS-B satelital.
As amostras dessa etapa, referentes às diversas trajetórias voadas pelas aeronaves do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV) utilizando-se ADS-B satelital, permitirão a produção de estatísticas relacionadas aos valores de latência, intervalo de atualização, erros de posicionamento horizontal along, erros de posicionamento horizontal across, erros de azimute e erros RMS de posição horizontal, além da avaliação tempestiva da precisão das informações de posicionamento e outros parâmetros de desempenho como a disponibilidade e continuidade do serviço em diferentes atitudes das aeronaves, niveladas ou em curva. Outro aspecto de interesse é a avaliação do comportamento do serviço para aeronaves com antenas ADS-B montadas em diferentes configurações, top (ativo) ou bottom (passivo).
O Acordo vigorará até o término da fase 2, programada para ocorrer em maio de 2020, quando será disponibilizado o trabalho de avaliação técnico-operacional conduzido pelo DECEA.
A partir daí, com base nos resultados e na identificação de carências operacionais para o gerenciamento do tráfego aéreo ou operações de busca e salvamento, o DECEA concluirá pela contratação, ou não, do serviço.
Por Marcelo Mello Fagundes - Capitão Especialista em Comunicações Seção de Planejamento de Comunicações, Navegação, Vigilância e Inspeção em Voo (DPNN-2)